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terça-feira, 8 de outubro de 2024

CASOS ESTRANHOS: INVASOR INVISÍVEL - O Desaparecimento de Brianne Sullivan


 

Um estranho invasor, o breve relato de uma garotinha sobre uma estranha figura a observá-la e um desaparecimento. Uma sequencia de acontecimentos insólitos que destruíram a vida de uma família. Estariam estes eventos estranhos ligados entre si?



INVASOR INVISÍVEL

O Desaparecimento de Brianne Sullivan

 

            Em busca por respostas sobre o que aconteceu comigo e com minha família, tenho dedicado tempo pesquisando similaridades e pistas que possam esclarecer ao menos parte do que aconteceu conosco. Nestas pesquisas foi inevitável, diante da natureza insólita do ocorrido, que eu acabasse me deparando com sites e comunidades na internet sobre paranormalidade e sobrenatural, não é desconhecido que a internet é rica em relatos fantásticos e em todo tipo de teorias da conspiração, mas era a única via que me restava. Eu encontrei diversos relatos, de diversas fontes, que ao final sempre conduziam as pessoas para um final trágico e traumático... Bem, até agora esta foi a única semelhança com meu caso.

Escreverei este relato da maneira mais simples que eu conseguir, acreditando que assim, atentando somente aos fatos e explicando-os, o caso possa ser levando mais a sério e não terminar somente como mais uma ‘creepypasta’ na internet. Uma pequena frase dita pela minha irmãzinha durante o tenso acontecimento pode levar você a ligar o caso que relatarei ao mito sobre o “Homem Esguio”, mas espero que perceba que isso pode ser apenas uma mínima semelhança já que o que aconteceu conosco possui muitos outros elementos que divergem dos muitos relatos que povoam a internet.

Nosso pesadelo teve início quando eu tinha 10 anos de idade, minha irmãzinha tinha apenas 4 aninhos, minha mãe estava chegando aos 40 anos e minha avó, a quem visitávamos todas as férias escolares, tinha 70 anos e era muito lúcida e ativa. Dou ênfase às idades e às condições de cada um de nós para que possam perceber que minha irmã e eu estávamos acompanhados por adultos lúcidos e ativos com idades não muito avançadas para serem considerados senis.

Durante nossas férias na casa de nossa avó também sempre estava conosco tio Steve, um homem jovem, também lúcido e ativo, um caçador bem conhecido pelos locais e dotado de um censo prático difícil de encontrar nos dias de hoje. Tio Steve era irmão de minha mãe, apenas três anos mais novo que ela e também foi uma testemunha do ocorrido e sofreu com os sentimentos traumáticos até o fim de sua vida.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

CONTO: DE DENTRO DA TERRA


DE DENTRO DA TERRA


            O lugar todo estava em ruínas e tudo por ali cheirava como um poço de lodo, com certeza há muito tempo ninguém cruzava aquele gramado alto, tomado por ervas daninhas e empoçado de lama, para chegar até a estufada porta de madeira da entrada. Os vizinhos afirmavam que nunca viram alguém entrando, mas era comum avistar pessoas saindo, eles deviam saber o que estavam dizendo, com certeza vigiavam o casebre dia e noite, assim como vigiavam a vida uns dos outros.

            Primeiro ouvi as histórias, relatos até então tidos como exagerados e fantasiosos, mas todas as histórias tinham um ponto em comum: Ninguém entrava, mas pessoas saíam. Pelo que contavam, havia época de maior e época de menor movimento, mas recentemente não havia movimento algum, apenas podia-se ouvir em estranhas horas da madrugada barulhos de líquidos como se despejados de uma grande altura e um dos vizinhos alegava que em alguns destes momentos era possível observar, através das frestas das janelas de madeira apodrecida, o movimento de uma luz fraca perambulando lá dentro.

            Ninguém sabia identificar o dono do casebre e nem puderam entrar em um consenso sobre quando aquela estranha atividade teve início, quanto às pessoas que saíam todos eles afirmavam convictos que eram todos altos, pálidos, cambaleantes e maltrapilhos, a maioria deles seminu. Por mais fantasiosa e espalhafatosa que a história parecia ser naquele momento, seria necessário verificar, a expansão da cidade estava espremendo os tipos mais estranhos para os bairros mais silenciosos causando problemas e situações que pessoas como aquelas da vizinhança não estavam acostumadas a lidar.

Então, sob o olhar dos curiosos segui até a casa, venci o gramado alto pisando em várias poças de lama até atingir a porta. Bati e aguardei alguns segundos, como já esperava, não obtive resposta. Passei a sondar as janelas, mas mesmo com frestas e falhas causadas pelo apodrecimento das madeiras a escuridão do interior impedia divisar qualquer coisa. Dei a volta pelo terreno lamacento onde a pequena propriedade abandonada estava praticamente afundando, minha intenção era buscar por uma porta nos fundos, como era comum naquele tipo de construção, encontrei, mas ela estava bloqueada por fora por madeiras pregadas toscamente, montes de terra e detritos de pedra e madeira carcomida pela podridão.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

CONTO: PESADELOS


PESADELOS

Eu estava deitado, sonolento e sentindo vertigens, mas pude perceber um homem ao lado da minha cama sussurrando para outra pessoa sobre mim, eu não conseguia perceber a presença de mais ninguém no quarto. O homem falava sobre como eu reagiria se um dia pudesse acordar e como tudo o que aconteceu estava diretamente ligado à minha personalidade. Quanto mais eu tentava prestar atenção menor era a minha compreensão sobre o que aquele homem corpulento e barbado estava falando, eu não sabia que lugar era aquele e, principalmente, o que tinha acontecido comigo.

Tentei me mexer e levantar da cama, não sentia que estava preso ou amarrado, mas era impossível qualquer movimento, me dei conta de que talvez eu tivesse sofrido algum acidente e estivesse paralisado. Eu estava preso em mim mesmo! Eu queria falar, mas minha língua e minha boca permaneciam imóveis, em desespero tentava gritar, mas nenhum som saía pela minha garganta. Preso em mim mesmo!

         O homem continuava falando sobre mim e embora sua voz fosse sussurrada ele parecia dar pouca importância para mim, parecia estar falando baixo não por minha causa, mas sim porque seus ouvintes exigiam cerimônia para ouvirem sobre aquilo. Tentei então fazer sinais com os olhos, pois me pareciam vivos ainda, mas nem o homem e nem os ouvintes perceberam.

        Aos poucos comecei a perceber que o homem estava informando um relatório sobre meu caso, pude compreender poucas coisas, pois sua linguagem ficava cada vez mais indecifrável, mas ao final do diagnóstico que ele estava recitando eu senti um medo terrível, pois percebi que ele olhou diretamente para mim e disse em um tom de voz um pouco mais alto, mas ainda solene, que eu não esboçava nenhuma reação há 15 anos e nem mesmo era capaz de abrir os olhos. Como poderia ser? Eu estava ouvindo e enxergando tudo!

          Em meio a tudo aquilo eu comecei a me senti muito cansado e com muito sono, eu não queria dormir novamente, mas fui dominado por um torpor profundo. Tentei agitar o corpo uma última vez para chamar a atenção daquelas pessoas e em um último esforço tentei rolar meu corpo para fora da cama. O quarto escureceu e eu caí em um abismo profundo, senti muito medo e mais uma vez fiz esforço para gritar, a voz finalmente saiu de minha garganta, mas totalmente incompreensível e abafada como se minha boca estivesse coberta por mãos muito fortes, em desespero eu afundei na escuridão do abismo. Acordei em sobressalto quando estava prestes a atingir as profundezas abissais.

sábado, 17 de setembro de 2022

CONTO: SOMBRA GELADA


 

SOMBRA GELADA


          Da cama pude ver a sombra, como uma fumaça entrando por debaixo da porta, eu não senti medo, mas seria melhor se tivesse fugido. Rapidamente o quarto ficou tomado e eu pude sentir um estranho toque gelado envolvendo meu corpo, era a sombra que depois subiu e ficou pairando junto ao teto me observando.

         Houve então um estalo dentro de mim que me fez perceber como tudo o que estava acontecendo era aterrador, tentei sair da cama e correr para fora do quarto, mas não tive tempo, pois a sombra desceu do teto e se transformou em um medonho gigante bloqueando a saída. Tentei gritar por socorro e a mão gigantesca da figura escurecida encontrou minha boca e tapou-a.

         Com a respiração ofegante eu sem querer inalava aquilo para dentro de mim e aos poucos também fui me transformando em sombra, meu corpo se desmanchava, mas eu não sentia dor alguma. Quando restava pouco mim flutuando no ar a sombra nevoeirenta e gelada que antes era um monstro envolveu-me, e todo o meu eu tornou-se uma parte daquilo e juntos saímos por debaixo da porta.



Autor: Vagner Tadeu Firmino

A Triste Figura

Publicado em: Moderno Bestiário Urbano

Texto e imagem: Todos os direitos reservados

Contato: atristefigura@gmail.com


Obrigado pela sua leitura, espero que tenha gostado.

domingo, 4 de setembro de 2022

CONTO: AUTÔMATO

 


AUTÔMATO 

            Os dias anteriores haviam sido chuvosos, mas agora o tempo estava aberto e todos estavam sofrendo com o calor e a poluição. Alex caminhava pelas ruas do centro apinhadas de gente e assim como as demais pessoas, ele tinha o semblante preocupado e os passos apressados, mas a preocupação e a pressa de Alex, ao menos daquela vez, era diferente da que assolava aos demais, seus pensamentos estavam divididos entre o volume que carregava debaixo do casaco e a descoberta inquietante da noite anterior.

“Hoje não é apenas mais um dia comum”, pensava consigo mesmo. Durante a noite anterior o jovem contabilista, sozinho, teve uma revelação que transformou todos os seus pensamentos, indignado com a cegueira sobre si mesmo e excitado com toda a verdade descoberta, Alex percebeu o que ele realmente era e não se sentiu estranho ou espantado com aquilo apenas experimentou de uma necessidade incontrolável de revelar aos outros a verdade.

            “Eu rasgarei o véu, eu mostrarei a todos do que sou feito e literalmente eles poderão ver...”. Pensou um pouco e continuou: “Libertarei todos das mentiras, devem existir outros como eu!”, pensava com orgulho, “Nunca mais me enganarão, nunca mais nos enganarão”. As conjecturas de Alex atingiram níveis incompreensíveis mesclando ansiedade e euforia quando chegou ao prédio de escritórios onde trabalhava. Entrou sozinho no elevador e tirou o casaco, o objeto que carregava ficou exposto e Alex o olhou com uma cumplicidade de irmão.

            Entrou abruptamente no escritório bloqueando a porta, que também era a única saída, assustados seus colegas o viram de arma em punho e começaram a gritar e se esconder, Alex sorria abertamente enquanto apontava a grande arma para a própria cabeça enquanto bradava: “Eu descobri a verdade sobre o que eu realmente sou, vim até aqui para que vocês possam saber também e, um dia certamente, descobrir que talvez vocês sejam iguais a mim!”.

Sua fala atingiu um tom profético e solene enquanto desenvolvia seu discurso final reticente: “Talvez, alguns de vocês também sejam como eu... Eu não sou humano, eu sou uma espécie de monstro, um tipo oculto de parafernália... Uma traquitana ainda não explicada sendo desvelada frente seus olhos. Acredito que assim como eu existo, devem existir muitos outros como eu”. Ele parou por um instante procurando os olhos das pessoas desesperadas dentro da sala, mas ninguém olhava diretamente para ele, todos estavam assustados e encolhidos pelos cantos, debaixo das mesas ou abrigados atrás de divisórias desgastadas.

Alex sorriu e, como era de seu costume, se desculpou por toda agitação que havia causado e fechando os olhos disparou a arma contra a própria cabeça.

Depois do estampido do revólver houve silêncio, aos poucos as pessoas foram se aproximando do corpo caído que bloqueava a porta. Do buraco aberto pelo projétil não saía sangue algum, havia apenas um fluído cinzento, óleo e uma profusão de minúsculas engrenagens e finas correntes.



Autor: Vagner Tadeu Firmino

A Triste Figura

Moderno Bestiário Urbano

Direitos Reservados

atristefigura@gmail.com

Fonte das Imagens: Internet.

terça-feira, 14 de junho de 2022

CONTO: NA COMPANHIA DE MARGOT

 


NA COMPANHIA DE MARGOT


           Histórias sobre fantasmas, aparições e coisas do tipo me assustam muito, não porque eu seja uma medrosa apavorada, mas sim porque depois do que me aconteceu tenho absoluta certeza que fantasmas existem sim e que nós, que ainda estamos vivos, nunca estamos sozinhos.

Quando eu tinha por volta de sete anos, minha família se mudou para uma residência construída em 1.920, um casarão antigo e portentoso com uma arquitetura impecável e rebuscada, meu pai vive lá até os dias de hoje enquanto eu moro com minha mãe na casa de meu avô e mesmo sentindo muita saudade de meu pai, eu dificilmente vou visitá-lo naquele lugar. As lembranças são muito pesadas e não somente pela estranha experiência que vivi, mas também pelo fato de ser uma época muito difícil para mim, pois são lembranças de quando meus pais ainda viviam juntos e até hoje não aprendi a lidar com a separação.

            Enfim, durante todo o tempo em que vivi naquela casa, logo que me deitava e começava a adormecer, sentia uma espécie de pressão na cama, bem ao meu lado, como se algo pesado tivesse sido colocado no colchão junto comigo. O ar parecia ficar pegajoso e eu sentia como se mais alguém estivesse comigo além de Jeanne, minha gata de estimação que dormia enrolando-se aos meus pés. Eu sempre adormecia com esta impressão estranha, eu sentia medo, mas não pensava muito sobre aquilo, nem mesmo quando invariavelmente a certa hora da noite Jeanne saia da cama aos pulos e toda arrepiada, fugia pelo vão da porta entreaberta. Eu somente a voltava a vê-la no outro dia pela manhã.

Apesar do sentimento estranho e do comportamento de Jeanne, eu nunca havia levado o caso até meus pais ou comentado com qualquer outra pessoa. Hoje posso perceber que eu queria acreditar que aquilo não passava de uma cisma de minha, de imaginação, e que a gata era meio neurótica... Depois de algum tempo sentindo noite após noite aquilo que eu somente conseguia definir como uma presença e observando minha gata fugir toda madrugada, sem saber o motivo eu passei a me referir à presença como Margot, somente alguns anos mais tarde fui entender o motivo de ter ‘escolhido’ este nome para definir toda aquela atmosfera, para nomear o que me acompanhava todas as noites.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

ALGUMAS COISAS NUNCA MORREM – E OUTROS CONTOS

Algumas Coisas Nunca Morrem
Demorou, mas ficou pronto! Esta postagem, dentre todas as outras do blog, possui uma satisfação especial.

Depois de tantos atrasos, desistências e retomadas, idas e vindas, definições e mudanças finalmente posso apresentar para vocês meu livro digital “Algumas Coisas Nunca Morrem – E Outros Contos”, um pequeno apanhado em formato pdf, (E-pub e Mobi estão sendo preparados), de alguns contos que produzi nos últimos anos e agora disponibilizados de forma totalmente gratuita e inteiramente produzida por mim.

Não é uma grande edição com bela capa, longa apresentação e malabarismos literários e linguísticos tão comuns ultimamente, mas é um trabalho sincero que realmente adorei fazer. Outro livro digital já está engatilhado e seguindo para revisão ao final deste mês, este terá um projeto e uma execução mais profissional os fundos já estão sendo angariados e tudo está fluindo bem.

Outros contos e histórias também estão em andamento para as postagens normais do blog, é preciso por a casa toda em ordem novamente.

O livro está disponível para download através dos serviços de hospedagem 4Shared, Mega e Netkups (os links estão ao final da postagem), mas caso prefira receber o arquivo pdf “Algumas Coisas Nunca Morrem – E Outros Contos” por e-mail, basta enviar uma mensagem para praticus93@outlook.com ou para praticus93@yahoo.com.br

Quero agradecer a todos que acompanharam verdadeira saga que foi este projeto, todos os que comentaram nas postagens, todos os que enviaram e-mails, que compartilharam através do Facebook, do Twitter e do Google +, muito obrigado aos meus amigos e familiares que ajudaram muito exatamente por muitas vezes não saberem de nada que estava acontecendo : )

Ficha Técnica:
Título: Algumas Coisas Nunca Morrem – E Outros Contos
Gênero: Terror e Fantasia
Autor: Vagner Tadeu Firmino
Formato do arquivo: pdf
Tamanho do arquivo: 524KB
Número de páginas: 55

Contatos:

Como baixar o E-book Algumas Coisas Nunca Morrem – E Outros Contos:

Para efetuar o download através do NETKUPS clique AQUI

Para efetuar o download através do MEGA clique AQUI

Para efetuar o download através do 4Shared clique AQUI

Como receber por e-mail E-book Algumas Coisas Nunca Morrem – E Outros Contos:

Para receber o arquivo diretamente em seu e-mail basta enviar um e-mail para:

Novamente agradeço a todos os que acompanham o blog e minha jornada confusa e cheia de percalços para divulgar meu trabalho como escritor.

Baixe, leia, comente, critique, divulgue, compartilhe.


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CONTO: ASSOVIO

Ouço o pavoroso assovio das rajadas de vento e sinto nos ossos a gélida sensação da oculta observação proveniente da profunda cultura dos vermes subterrâneos, todos eles desfrutando da franca saúde da profundeza desconhecida, local onde impera a escuridão e se multiplicam os destroços de todas as coisas antigas que um dia já estiveram mais acima. Caio em estado de loucura no pensamento circular de tristeza e angústia que existe nesta irrevogável lei de desprezo e má conduta.

           Canta lúgubre o assovio em meus ouvidos infeccionados pela falácia sem limites desta sociedade metodicamente idiota, esmerada em pregar seus dogmas na tentativa de coordenar toda minha vida e absorver até mesmo minha alma. O som cavernoso emitido pela boca desdentada comandada pelo menor cérebro primitivo dentre todas as menores criaturas, oferta-me poemas traiçoeiros e canções sinistras. A consciência destes povos ditos VIVOS iguala-se de inegável maneira aos vermes que devoram os ditos MORTOS.

           O sopro do vento contaminado aproxima de mim os pareceres sociais sobre minha figura e, sob o trêmulo lume com o qual coexisto, temo as palavras no sussurro agourento deste assovio tal qual o fraco teme esta vida que não passa de um amontoado de equívocos tristes a nos conduzir para um único fim magistralmente composto por dor, solidão e esquecimento.

Todo o bolo inseparável de pequenos organismos que vivem sob meus pés nunca receberá meus despojos, pois para sempre serei vivo, mas jamais estarei junto com aqueles que mais acima convivem. Enquanto VIVO, sempre estarei MORTO e neste limiar nunca passarei para um lado ou para o outro, sempre para os vivos serei como o morto e para os mortos serei como o vivo.

Sopra o vento em rajadas assoviando em meus ouvidos a sentença incompreensível e injusta ditada pelas forças naturais que não reconhecemos como tais, o que está fora da natureza somos nós em nossas esmeradas tolices e conceitos equivocados. Estamos cheios de orgulho por aquilo que não fizemos e por tudo aquilo que somos incapazes de fazer.

VIVOS estamos MORTOS e desta forma isto que chamamos de MUNDO, na verdade, não passa de uma COVA.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CONTO: A ERA DA CIÊNCIA DE ABEL


Primeiro uma pequena introdução:
            Publicado pela primeira vez no fanzine “Manus Nocturna – Pequenas Realidades de Horror”, este conto faz parte de uma série de outros contos e minicontos onde diversas pessoas relatam um período que ficou conhecido como A Era da Ciência de Abel, as narrações sobre este período assombroso foram divididas em três partes: “O Retorno de Abel”, “O Levante do Gigante” e “A Ciência de Abel”.
            O Injustiçado, como Abel se denominava, ergueu-se de seu poço de chamas e impôs à humanidade sua presença e seu império, ele escravizou os povos através de sua arte e seus conhecimentos – A Ciência de Abel – buscando saciar sua sede de vingança contra sua família e principalmente contra Deus. Abel rasgou o delicado véu que separava o mundo dos homens do mundo dos antigos deuses e divindades, Abel uniu as ciências ocultas com a tecnologia, mostrou aos povos a verdade sobre as religiões, sobre os santos e sobre os demônios trazendo para o nosso mundo os antigos povos que muito antes de nós dominaram a Terra.

domingo, 6 de março de 2011

CONTO: VERANEIO



            Terríveis pensamentos de hecatombe passam pela minha cabeça neste passeio de tarde de verão embalado pelo ladrar de um vadio cão. A relva alta sendo amassada sob as passadas inseguras de minhas botas e o cheiro de coisas velhas e mortas trazem até mim uma esmagadora sensação de solidão e tristeza.
            Sinto com as mãos as frias pedras do sepulcro a esconder os restos imundos de todos aqueles que um dia foram filhos deste mundo, mas agora estão entregues ao meio do húmus apodrecendo a carne e desmanchando as fibras no ostracismo subterrâneo que um dia todos iremos desfrutar.
            Mesmo comprazendo-me em veranear neste funesto ambiente ao ouvir o som do revolver das folhas secas sinto medo, aquele ancestral sentimento, que de algum lugar algo ainda há de se levantar.



Autor: Vagner Tadeu Firmino
16 de Fevereiro de 2.011





quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CONTO: MUTAÇÃO

Hoje tenho a alegria de poder postar aqui um conto de um grande amigo meu, senão o melhor, Márcio Fontes da Silva, vulgo Dengue. Este texto foi publicado originalmente no Fanzine Manu Nocturna nº 1 dando uma grande força ao projeto que eu desenvolvia na época e pretendo retomar em breve.




MUTAÇÃO


    Eu nasci em um mundo onde vivo em extremo terror.
    Já perdi milhares de familiares que rumam sem saber pra onde e eu serei um deles também.
    Estou aqui esperando minha vez e meu destino é certo.
    Todos os dias me preparo para a jornada e eu sei que vou encontrar muitos obstáculos pela frente.
    Há algumas horas, uma leva de amigos deu inicio a sua jornada ao desconhecido... Nós somos assim, impacientes e lutamos para ir.
    Ninguém nunca voltou para nos contar como é.
    Vida dura essa!
    Chegou minha vez e estou ansioso.
    Caminho até a única saída existente.
    Todos dizem que é maravilhoso, mas eu tenho minhas dúvidas, ainda sou muito jovem e essa viajem é o que espero por toda vida.
    Junto comigo vai uma leva de amigos, parentes e desconhecidos, e nunca saberei o porquê de sermos muitos desta vez. A corrida vai ser cansativa...
  A pressão exercida é grande e inicia-se a Grande Corrida (maiúscula mesmo, pra dar destaque). Inconscientemente eu sei que posso morrer e sigo correndo com vários ao meu lado, e preciso ser o mais rápido. Vejo muitos se perdendo no caminho e parando.
   Corro o máximo que posso, mas minhas energias vão se exaurindo, cada vez mais...
   Sigo por caminhos estranhos e desconhecidos.
   Para chegar ao meu objetivo terei de vencer o cansaço e batalhar ainda para romper a última barreira.
   Olho ao meu lado e vejo meus muitos companheiros, exaustos, morrendo por falta de forças. Eu ainda tenho esperança e muitos ainda estão chegando... E meu momento é agora.
   Encontrei uma pequena brecha. Entro de cabeça nessa brecha e sinto que vou me desfazer...
   Vejo uma luz, e essa luz me cega.
   Entro e tenho a sensação de não ser mais eu mesmo.
   Lá na luz me sinto seguro e percebo que quem venceu fui eu.
   Encontro algo que me toma me reveste e que me acalma.
   Misturo em mim muito do que encontro ali.
   É quente, é gostoso e finalmente começo a crescer.
  Conforme passa o tempo eu entendo o porquê não tem volta. Vou mudando minha forma e aparência conforme vou crescendo, vou me transformando dia a dia aumentando meu tamanho, minha forma, minha silhueta.
  É pavorosa a sensação de ser tomado por uma força desconhecida que se funde a você, calma e lentamente.
   Vou me moldando a esse novo ambiente. Surgem novas formas, me duplico e me transformo.
   Tenho cuidado de não me perder nessas transformações...
   Vou mudando ao longo do tempo, crescendo e me cuidando.
   Fique bem maior do que era.
   Coisas novas que nem sei para que servem surgem.
   Fico maior e ouço coisas estranhas.
   Meu mundo ficar maior e mais vasto, mas fiquei só.
   Sei que no passado éramos muitos e agora sou eu dentro deste estranho mundo.
  Quando consigo me acostumar com minha nova aparência, vem novamente aquela sensação estranha do passado. Sinto meu mundo se acabando mais uma vez, e aquele “mundinho” começa a se desmanchar.
  Entro em pânico e, novamente, começo a visualizar uma luz, igual a primeira, só que muito mais forte.   Sinto a necessidade de gritar, bem forte e bem alto.
 Desta vez sou arrancado de meu mundo e entro em outro bem estranho, minha voz está engasgada, sinto uma coisa que nunca senti e muito tempo depois descubro que isto se chama dor.
 Agora vivo em um terceiro mundo e agora eu tento entender o que acontece: Deixei de ser um espermatozóide e agora todo mundo me chama de Márcio.



MUTAÇÃO
Autor: Márcio Fontes da Silva
Revisão: Roberta Nunes