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domingo, 9 de dezembro de 2012

PRAZER




Ah! Esta minha atração por becos,
Cantos e reentrâncias.
O mofo, o limo e o bolor.
O lodo e sua saúde!
Silêncio, quietude e escuridão.
Todos os sais e as substâncias
Que enegrecem o sangue
E enrijecem as juntas.
Tudo isto que me coloca em vida.
Vivo e triste em deleite deste desgraçado estado.
Compartilhando da força subterrânea,
Regando o lodo com sangue fresco,
Respirando da fuligem do agradável fogo alto,
Que queima organismos vivos em plena juventude.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

PARA LACRIMOSA ESCREVO NA CHUVA



Escorrendo pelas telhas
A chuva faz cascata frente minha casa,
Grandes gotas caem como raios cortando o ar
E tocam o solo como terremotos.
Em manhãs como esta
Faço esforço maior para levantar da cama
E para preencher as ociosas horas, escrevo.
Escrever em monótonos dias de chuva
É para homens pequenos como eu,
Irrealizados e ociosos como eu.
Ah, se a chuva pudesse me atingir...
Aqui onde estou
Ventar um tufão e bagunçar meu cabelo,
Molhar minhas roupas
E me desacomodar deste mórbido trono
Arrancando de minha fronte
O Diadema Real da Circunspeção
E varrendo de minha mão
O gélido Báculo do Pessimismo.
Ah, se a chuva molhasse todos estes papéis
E sentisse eu tamanho frio
Que minhas mãos congelassem
E meu queixo batesse quebrando-me os dentes
E lacerando-me a língua.
Ficasse eu surdo com o som do granizo
De uma nuvem carregada
E estaria contente só por ter sido molhado.
Se houvesse um feroz vento
Que viesse como um castigo de Deus
Arrancando o telhado
E derrubando as paredes
Deixando-me exposto à chuva,
Amada carrasca, borrasca, nevasca...
Como louco escoriado
Estaria no olho do furacão
Escrevendo e gritando cada vez mais alto
Enquanto os papéis derretem e rodopiam
No ar revoltado com tamanha afronta.
Ah se houvesse tudo isso,
Se tudo ocorresse de verdade
E a chuva me lavasse e me desse açoite
Estaria salvo.
Salvo e perdoado,
Pequenino e imprestável.
Mas as únicas gotas
Que se precipitam sobre meus papéis
São as lágrimas.
Lacrimosa é minha deusa cadente,
Devotos a ela são todos os inúteis e ociosos,
Todos os ansiosos pela chuva que brota
De seus opacos olhos.
Ah, se toda a chuva pudesse me atingir...




Vagner Tadeu Firmino
17 de Março de 2.003

domingo, 27 de novembro de 2011

AINDA QUE EU RASTEJE NO LABIRINTO DAS SOMBRAS



Minha esperança esvaiu-se ao cabo do limite de minha honra.
Fui diminuído.
Aqui a vitória não bafejará,
Não soprará seu hálito quente
E o início do dia será sempre como o meio da noite
Não havendo sol a iluminar esta noite negra da alma.
Meu corpo ressequido é um túmulo que caminha sobre a terra,
Errático de extremo a outro sem a menor esperança
De encontrar uma cova nem  mesmo rasa
Onde finalmente possa deitar-se.

Em mim, ou a mim não sei,
Já não cabe mais o amor ou o ódio,
Os sabores dos sentimentos já não sinto.
A indiferença guia esta carcaça
Que não mais responde à minha vontade.
Sou cativo neste labirinto escuro onde rastejo como verme necrófago,
Tendo como única ligação com o mundo externo
Este fétido ar que sopra tanto nas umbrosas criptas quanto nos delicados berços
E bate moribundo em minha esquálida face.
E se apenas este ar me cansa, a mim já basta.

Seria covardia abandonar a vida quando esta se encontra ao limite da dignidade?
Não seria bravura sufocar esta minguada chama que jamais iluminará uma vitória?
Ah, este sangue salgado...
Este salgado sangue que enfraquece o tênue lume que bruxuleia em minha cabeça
Deixando meu cérebro assustado com as sombras da vida.
Fui diminuído.
Jogado na vala do selvagem lobo negro
Que está sempre a avançar e jogar-se sobre mim
Com seus dentes brancos e afiados na boca escancarada
A querer me roer até os ossos.

Que bravura há nesta resistência cega?
Nesta labiríntica luta onde a vitória não tocará trompas?
Não tenho como deixar a vela queimando aos poucos
À espera de um anjo que venha em meu resgate,
É melhor que assopre logo esta chama
Para que possa ir de encontro a ele ao meio do caminho...
Se é que ele está vindo.
Ainda que eu rasteje diminuído
Neste labirinto de sombras,
Seria covardia?



Vagner Tadeu Firmino
18 de Setembro de 2.004

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

FLORBELA ESPANCA - POEMAS SELECIONADOS - E-BOOK


DIZERES ÍNTIMOS


É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!

E logo vou olhar (com que ansiedade! ... )
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebés doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!

E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!

E os meus vinte e três anos... (Sou tão nova! )
Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida! ... ”
Responde a minha Dor: “Que linda a cova! ... ”



sexta-feira, 29 de julho de 2011

BIPOLAR



Numa manhã comum percebeu que tudo o que realizara antes
E tinha como belo e importante havia se transmutado,
Tudo estava feio e sujo, do alvo ao pardacento, do vinho à água.
Percebeu que havia construído um castelo de escombros
Onde habitava acompanhado com toda a sorte de párias.
Estava arrependido por ter pensado e criado,
Ter transpirado noites e dias apenas para dar vida
A todo aquele hediondo e mal-cheiroso monte de entulho.
Não acreditava que um dia pôde conceber
Todos aqueles horríveis equívocos, todas aquelas linhas torpes.
Sentiu o peso de ter ardido em febre
E perdido a vida em vida por aquelas malditas
Construções mancas e rotas,
Teve vergonha ao deparar-se com todo aquele traste
Que guardava como rico tesouro.
Não adiantaria começar outra vez, como poderia?
Se de um momento a outro tudo se desfaria novamente.
Errara até então, então para que tentar de novo?
Entregou-se ao desespero, a vida não tinha sentido,
Mas foi nesta loucura que pôde criar
Um desfecho a altura do espetáculo de horror
Que criara pela incapacidade de perceber a própria mediocridade.
No devaneio da loucura, no desespero cego,
Afundou-se nos escombros escondendo-se nas trevas do próprio lixo
E lá embaixo percebeu pouco antes de sufocar
Que havia criado o mais belo e maldito túmulo.
Soterrou-se um pouco mais enquanto com orgulho pensava
Nesta sua mais recente, linda e perfeita obra.



Vagner Tadeu Firmino
29 de Julho de 2.004

segunda-feira, 18 de julho de 2011

IMAGINACAO



A esplendorosa visão branca e iluminada
Do anjo que não posso tocar,
Do salvador absoluto que troveja seus instrumentos,
Ainda que arcaicos, sobre minha cabeça.
O esplendor e o brilho fulguroso
Daquele é proveniente do coro celeste.
Imaginação.
A visão do Celestial que veio trazer todas as curas,
Todos os bálsamos abençoados para tratar de minhas feridas.
Derramar a boa tempestade que irá lavar
Todos os meus pecados.
Imaginação.
Derramar sobre minha cabeça o ungüento,
Bento óleo a me preparar para a salvação.
Imaginação.
Serei posto em vestes brancas, alvas como nuvens
E serei servido de mel e frutos
Estando para sempre provido e seguro.
Imaginação.
Aos retos caminhos serei direcionado
E de minha boca outra coisa não sairá
Que não seja a verdade,
O anjo de esplendor será parte minha
E contra mim não haverá quem possa intentar.
Imaginação.
Tudo isto será eterno e nada se acabará,
Se não fosse tudo isto apenas minha
Imaginação.


Autor: Vagner Tadeu Firmino
07 de dezembro de 2.010

terça-feira, 17 de maio de 2011

ROTACAO



Padrinho dos movimentos circulares do vadio cão,
Abre-se em mórbido e limítrofe sorriso claro
A caveira de meu coração.
Havendo assim ossos onde não há
E abundante espuma fétida em artérias emaranhadas,
Afoga-se em espasmos violentos
O empesteado sistema respiratório.
O delicado espírito molecular do ouro da juventude
Revela-se malevolente e contaminoso chumbo
Ao escorrer fiel das partículas e grãos
Do primitivo relógio,
Que ao mesmo tempo é temporal e de tempo algum,
Fazendo piada ignóbil com estudos pré-químicos
De antiquada alquimia
Transformando o sublime em ordinário.
E em rotação as secretas secreções das células
Revelam-se.
Esperança – Agora subo.
Alegria – Venci.
Tristeza – Caio...



Autor: Vagner Tadeu Firmino
20 de Junho de 2.008



terça-feira, 10 de maio de 2011

SERPENTE



Serpente cerca a presa que sou,
Com força enrosca-se por minhas pernas
E sem equilíbrio, caio.
Tremo com o gelado aperto de seu corpo liso
Em um abraço amoroso tão descarado
Que parecemos apenas um.
De tanto amor por mim
Serpente lança feitiços antigos
E passa para o interior de meu corpo.
Sinto-a passeando dentro de meu peito sufocado de angústia,
Um abraço sem braços envolve meu coração.
Amorosa Vênus Rastejante,
Como você me ama!              
Ama a ponto de loucura,
A ponto de cravar os dentes em meu  amargo coração,
Aperta-me o estômago, esmaga meus rins.
O que de amor existe nesta devoção Serpente?
Há apenas este frio de loucura,
Minha loucura que me deixa à tua mercê.
Rasteje minha Eva,
Que tomado de ti só resta-me dividir contigo
O frio do solo, o frio de ti
E a melancólica tristeza que vem
Com  teu obsceno serpentear.
Serpente cerca a presa que sou
E dá-me como presente toda a tristeza e mazela
De sua infinita devoção.



Autor: Vagner Tadeu Firmino
19 de Janeiro de 2.005




domingo, 13 de março de 2011

ESPANTALHOS

Vento! Ventania!
Andei gritando pelo campo.
Observava os espantalhos farfalhando levemente
No ar quase parado.
Vento! Ventania!
Ele veio, mas não só,
Trouxe consigo pesadas nuvens de um negrume
Tão encorpado quanto os rolos de fumaça
Expelidos pelas chamas
Que ardiam nos corações dos espantalhos.
Foi daí que desabaram as águas
Que molharam os espantalhos,
Que dissiparam toda a fumaça,
Que afogaram as ervas
E pegaram-me mais uma vez
Falando sobre tudo o que já dissera antes.
Sob raios e trovões estive dormente
Até todo o granizo atingir o campo
Abrindo feridas e destroçando os espantalhos.
Eu ainda gritava,
Ainda evocava a ira que derrubara os remotos templos.
O campo era tranqüilo e monótono
Antes de meus pés o pisarem,
Antes de minha vociferação
Ir rasgar o silêncio dos espantalhos.
Via-os agora a debaterem-se ao vento como loucos
Golpeados de maneira impiedosa
Pelo bater de um par de asas
Diabolicamente angelicais.
Tudo estava perdido,
O campo e os espantalhos já não se pertenciam mais.
Estaquei-me ao solo
E morosamente abri meus braços
Entregando-me também aos açoites
Da fúria que atraí.
A onda leviatânica então ergueu-se
E afogou a nós,
Os espantalhos.
Era fim de todas as estagnadas dores,
Fim de todos nós bonecos.
Viva esta vida Espantalho,
Se podes.
Como não pode assim como nós não podemos,
Então morre, morramos todos,
Que morte é liberdade.
Padeçamos ao açoite da tempestade,
Findemos como corajosos
Aceitando de peito nu
Mais um golpe do carrasco
E, de braços escancarados,
Abracemos a última onda,
O derradeiro aguaceiro
Que vem de vez por todas
Afogar-nos.
Vento! Ventania!
Estive gritando pelo campo.





Vagner Tadeu Firmino
16 de Junho de 2.003



quarta-feira, 2 de março de 2011

O POCO




Cavei um poço,
Que agora que de tão profundo
Dele não consigo sair.
Tornou-se uma prisão
Que não tenho como escapar.
Não posso escalar,
Gastei toda minha energia
Cavando de encontro à grande escuridão.
Estou sozinho e não posso fazer nada por mim,
Nem mesmo externar todo meu desespero.
Estou fraco.
Quero chorar minha angústia,
Mas estou seco
Preciso gritar minha loucura,
Mas nem nesta hora desesperada
Encontro palavras ou voz.
Por que fui cavar tão fundo?
Sou agora um prisioneiro
Que na escuridão sente fome e sede,
Mas não tem forças para mexer-se.
Ai, toda esta tristeza que vem crescendo dentro de mim
Até eu ficar cheio dela e ela cheia de mim.
Por que fui cavar tão fundo?
Agora é sempre esta noite áspera,
Esta inimiga.
Já parei de cavar o poço,
Agora é o terreno que cede sob meus pés,
Vou caindo e não tenho onde me segurar.
Se fosse isto logo um túmulo,
Se fosse logo um morrer...
É sempre esta noite,
Sempre esta loucura calada!
Ai, por que fui cavar tão fundo?
           
           


Autor: Vagner Tadeu Firmino
09 de Agosto de 2.004





terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TEATRO




Ao abrir das cortinas,
Em meio à penumbra e do sólido silêncio,
O roto entra em cena.
Sobre sua cabeça chove uma torrente de lapsos
Enquanto uma enxurrada vermelha
Cobre seus pés.
Há um texto, mas dizê-lo é quase impossível
Uma ventania insiste em levar sua voz
E ela vai para longe discursar sobre um velho texto,
Que tem como princípio o próprio fim.
Em espasmos nervosos quebra as próprias mãos,
A platéia que lá não está urra.
Uma névoa de sonhos enche o palco,
O ator agora é tênue sombra e
Neste instante uma obra inteira lhe ocorre,
Mas não demora a esquecer tudo.
Tenta então improvisar um texto,
Mas ao não conseguir procura apenas pensar e
Acaba sufocado em  meio aos eflúvios de seu cérebro.
Não há mais o que tentar contra as forças que o impedem,
Procura então ficar parado e ajudar a compor
Um lindo e tétrico cenário,
Mas as luzes se apagam e fecham-se as cortinas.
Não haverá próximo ato, é tarde,
Jamais haverá outro espetáculo.




Vagner Tadeu Firmino
27/04/2004




quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A TRISTE FIGURA




Estou cansado de rabiscar idéias,
Não completar tarefas,
Esboçar sentimentos
E apagar pensamentos.

Estou cansado de andar pela noite,
De tentar boas idéias.
Olhar em frente,
Lutar para abrir caminho.

Meus ossos estão velhos e ocos,
Tenho sangue doente
E ainda sou obrigado a lutar,
Falar e pensar.

Estou cansado de saber
Que não há quem queira ver
A Triste Figura.



Autor: Vagner Tadeu Firmino
02/03/2003


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ANCORA


Meu coração dilacera-se de tristeza e nesta angústia
Passo como laço pelo meu pescoço
Uma pesada âncora.
Espero que ela possa afundar-me de vez por todas
Neste quente e salgado mar de lágrimas
Arrastando-me à total profundeza e escuridão
Onde nem mesmo o choro possa penetrar.
Nas profundezas entregarei meu corpo aos vermes
E minha torpe alma a todas as outras criaturas
Que por lá vivam a rastejar.
Meus membros estão entorpecidos por substâncias diversas,
Minha mente está obscurecida,
De meus pensamentos neste momento tenho infinito medo.
Minha face está gretada sob o sal de meu choro,
Perderam-se de mim os sentidos.
Ando aos vis tropeços em retos caminhos
Que à minha perturbada visão parecem tortuosos.
Por entre nuvens vejo este mundo e dele me aborreço,
Minha alma irritou-se deste corpo.
De mim quer ela escapar,
Não farei oposição.
Lanço mão de incandescentes instrumentos para ferir-me,
Necessito da dor física para saber que ainda estou vivo.
Meu corpo vive no vácuo e minha alma em suplício.
Agarro-me à âncora e lançamo-nos no abismo,
Mergulho enforcado descendo de cabeça para baixo
Lembrando-me da Eterna Queda.
Afundo na escuridão onde minha alma e corpo
Haverão de apartar-se e neste infinito espaço
Serão desfeitas todas as tramas,
Não havendo mais tristeza,
Não havendo mais dor,
Não mais sentirei angústia,
Nem nada.



Vagner Tadeu Firmino
08/10/2004





quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

VISAO GALACTICA




Desce novamente sobre mim
Pesado dossel entrópico.
Deitado sob ele e sobre plúmbeo leito
Sinto o frio das profundezas galácticas.

Relembro todas as infinitas eras,
Do caótico universo em sua sabedoria,
Toda a tristeza e solidão das criaturas
Fadadas ao ostracismo universal.

Bato os dentes de frio e medo.
Somente o silêncio.
A obtusidade de uma inteligência gigantesca
Que não pode comunicar-se.

A profunda escuridão e falta de abrigo,
O sondar de noturnos olhos negros
Vidrados em cada miserável ser
A preocupar-se com sua ínfima existência.

O monstro flutua no cosmo!
A bocarra escancarada a devorar pequenos planetas
Com ridículas vidas crentes em leis cósmicas
De nasce e morrer.

A miséria óptica das moribundas estrelas,
Os contidos gemidos dos infelizes cometas,
A morte vagarosa dos pequenos astros
E os lamentosos dias contados do sol.

Vermes espaciais famintos
A corroerem tripas de estrelas cadentes.
Sanguessugas interplanetárias
A sugarem o núcleo das luas.

Recantos cheios de poeira cósmica,
Aranhas extraplanares a tecerem armadilhas.
Antigos deuses barbados escondidos
A roerem as unhas no esquecimento de si.

Gordas e impudicas matronas
A parirem novos sistemas sofredores
Em casas zodiacais infestadas de ratos
E toda a sorte de pestes.

Gelado é este meu leito,
Lugar de onde posso ver o infinito espaço,
Contemplar com horror nos olhos
A violenta chuva de meteoros.

Tempestades de raios cósmicos
Exterminam do vácuo
Fantasmas de cruéis infantes
Escondidos a pregarem peças.

Os mais impuros desejos dos mundos
Reflete-se nas impuras matérias do cosmo
Criando horrores amorfos
Dos quais fogem as nebulosas.

A octópode criatura,
No centro do infinito,
Funde infundíveis matérias
Criando a pegajosa energia que nos move.

Banhado pelo escarro dos sistemas,
Que ao todo é UM, sou despertado da visão
E rezo para que lá em cima, em verdade,
Só exista mesmo a escuridão.


Autor: Vagner Tadeu Firmino
18 de Março de 2.003