Até que ponto você chegaria para sobreviver?
O que você seria capaz de fazer para defender a sobrevivência da sua família?
Pelo que me lembro estas foram as perguntas que me ocorreram após ler os primeiros número da HQ The Walking Dead (Os Mortos-Vivos, Brasil, HQM Editora), sempre gostei de aventuras e contos de horror e zumbis sempre estiveram em destaque nas minhas preferências e quando conheci este trabalho de Robert Kirkman realmente fiquei impressionado.
É impossível ler The Walking Dead sem impressionar-se com o contraste entre a capa colorida e os desenhos em tons de cinza, em um primeiro instante, claro, lembramos das antigas revistas de terror, mas quem já tem um ‘conhecimento de causa’ já percebe que a visão em preto e branco que temos é na verdade a visão de um zumbi, mais precisamente a visão de um mundo devastado pelo apocalipse zumbi. Sim senhores, o Dia Z de que tanto se tem falado ultimamente.
Os inimigos um dia foram humanos, seus amigos e parentes podem estar circulando solitários ou em “manadas” erráticas apenas procurando carne – humana – para se alimentar. Talvez para alguns toda a história seja batida, mas eu posso afirmar que não, lendo alguns números da HQ começamos a perceber o quanto pode ser difícil lidar com o desconhecido, com situações novas e provas de sobrevivência, daí a primeira pergunta: Até que ponto você chegaria para sobreviver? Talvez tenha que matar um conhecido seu, mesmo que transformado em uma criatura cujo único instinto seja se alimentar... De você. Pode ser que você pense em fugir com todas as provisões de água e comida deixando para trás seus parentes. Talvez ainda, como um grupo que apareceu na série, você se transforme em um canibal, matando assim como os zumbis, outros humanos para poder sobreviver.
O que seria capaz de fazer para defender a sobrevivência da sua família? O personagem principal da HQ - Rick Grimes - vive neste dilema, sempre pensando no grupo de sobreviventes que reuniu ao longo do caminho que percorreu até se reencontrar com sua família, já pensou e até mesmo deixou todos os outros para trás para poder garantir a sobrevivência de sua família. Desta forma temos momentos tensos e dramáticos na narrativa conduzida por quadros expressivos.
A maldade humana também está muito presente, durante toda a trama nos deparamos com pessoas e grupos que mesmo em meio a tudo de nefasto que está acontecendo ainda sentem uma necessidade, um prazer em serem más, em imporem suas ditaduras e vontades sobre os outros. Em certos momentos, estes malfeitores se sobressaem tanto que temos a impressão que entregar de vez o mundo aos zumbis seja a melhor solução. Neste mundo de mortos-vivos não existe um único lugar seguro, sempre se está ameaçado, famintos na espreita sempre podem estar os zumbis ou pior, pode haver um grupo de vivos canibais, de ladrões e saqueadores, assassinos, invasores ou até mesmo um auto-intitulado “Governador” sádico em cima de um tanque de guerra pronto para destruir seu refúgio.
The Walking Dead não é apenas mais uma HQ de terror, com zumbis, canibalismo e vísceras. É isto também, claro, mas vai muito além, com um bom roteiro e uma arte curiosa que apesar de opressiva em sua falta de cores, nos mostra uma semelhança com nosso mundo real em todos os seus tons de cinza, suas ditaduras e maldades. Em The Walking Dead será que os inimigos realmente são os zumbis, ou somos nós mesmos?
The Walking Dead é publicado nos Estados Unidos por Image Comics e no Brasil pela HQM Editora em formato encadernado. Na internet pode-se obter bons scans traduzidos, um bom site para que gosta de HQs é o Vertigem HQ, para ler os scans em formato .cbr ou .cbj você pode baixar o programa CDisplay e para quem ficou curioso seguem links para baixar as primeiras edições com os devidos créditos de scans, traduções e letras para Vertigem HQ, Von Dews e Putha Clubber Mor.