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domingo, 10 de julho de 2022

TITIVILLUS

TITIVILLUS

O Demônio que induzia erros literários.

Os monges medievais deram o nome de Titivillus a um diabinho encarregado de induzir a erro e omissões em textos que os escribas (copistas e calígrafos) levavam a cabo durante seus extensos trabalhos de cópias de livros.

 

A origem e as tarefas

 

A origem de Titivillus perde-se no tempo e já teve diversas aparências distintas durante os séculos e até mesmo sua função já foi alterada diversas vezes, no século IV dizia-se que Titivillus percorria os monastérios cristãos com a função de anotar os pecados que ali eram cometidos, tendo também como tarefa anotar o nome dos monges que por ventura perdessem a concentração durante a celebração de ofícios religiosos, entendendo que esta perda de concentração podia manifestar-se como erros de leitura das Sagradas Escrituras ou se um ouvinte não estava dedicando a devida atenção por estar pensando em outros assuntos ou por estar em conversas vãs. De qualquer forma a perda da concentração durante os ofícios religiosos acarretava em mais um nome nas anotações de Titivillus.

 

Sua posição na Litania Infernal – Demonologia

 

Sempre, e isto era comum em todas as épocas e representações do diabinho, Titivillus viajava todos os dias ao inferno para informar a Satanás o nome do monge e o pecado cometido e este por sua vez anotava as informações em um grande livro que seria lido diante de todos no Juízo Final.

Apesar de aparentemente ter uma importante função, a de atrapalhar a vida dos disseminadores dos estudos religiosos, Titivillus era um demônio menor. Respondendo para Belphegor, Lúcifer ou Satanás, seu ordenador foi alterado com o passar do tempo, sendo mencionado pela primeira vez no “Tractatus de Penitentia”, escrito por Johannes Galensis que também indica que o primeiro a nomeá-lo foi o escritor alemão Cesário de Heistenbach.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O HOBBIT OU LÁ E DE VOLTA OUTRA VEZ


O Hobbit ou Lá e de Volta Outra Vez (The Hobbit or There and Back Again) é um livro escrito por J. R. R. Tolkien, publicado em 21 de setembro de 1937, cuja narrativa antecede a história contada na série "O Senhor dos Anéis" em 60 anos, tempo em que Bilbo fica com o O Um Anel até o retorno de Sauron, "o senhor das trevas".
E assim como aconteceu com a trilogia de O Senhor dos Aneis ganha agora uma versão cinematográfia, eu particularmente estou ancioso para ver o que o diretor Peter Jackson irá apresentar filamdo em cima de seu roteiro escrito juntamente com Fran Walsh, Phillippa Boyens e Guillermo del Toro, não sou radical como os que criticaram o filme de O Senhor dos Anéis por não ser completamente fiel ao livro (sinceramente senhores, tenham dó...), mas espero não encontrar nesta nova saga aspectos de caricatura como os encontrados principalmente em Gimli, filho de Glóin, assim como sei que não vou encontrar todos os aspectos do livro no filme e isto na verdade não me deixa triste.
Como bom jogador e mestre de RPG nos anos 90 os reinos e aventuras de fantasia medieval já são velhos conhecidos, mas nenhum se compara à obra de Tolkien, a origem de tudo. Desta forma não é atoa que muitos antigos e novos jogadores de RPG sempre ficam anciosos com notícias como esta, mas infelizmente ainda teremos de esperar um bom tempo para rever toda a Middle Earth nos cinemas, o primeiro filme tem estréia programada apenas para Dezembro de 2.012 e o segundo para Dezembro de 2.014.




Atenção: O texto todo possui spoilers



A CRIAÇÃO


Em uma carta de 1.955 a W. H. Auden, J. R. R Tolkien conta que no final da década de 1920 quando era professor de Anglo-Saxão na Faculdade de Pembroke, em Oxford, ele começou O Hobbit quando trabalhava corrigindo provas para o certificado escolar encontrou um papel em branco e, sem mesmo saber porquê, escreveu: “Em um buraco no chão vivia um hobbit”. Anos depois, Tolkien disse ser esse o fato mais maravilhoso que poderia ter ocorrido na vida de um corretor de provas. Mas a estória toda naõ avançou mais por muito tempoContudo a produção da estória, embora nos anos seguintes tenha feito o mapa de Thror, um esboço da  geografia da ambientação da estória.
A publicação foi sugerida após Tolkien ter emprestado o manuscrito ainda incompleto para sua amiga Reverenda Madre de Cherwell Edge, que por sua vez passou-o para uma bacharel de Oxford, Susan Dagnall que na época tralhava para Allen & Unwin. O filho de 10 anos de Stanley Unwin, fundador da Allen & Unwin, ficou maravilhado com o que leu e Dagnall de tão encantada com o material encorajou Tolkien a terminar o que havia começado e em 3 de Outubro de 1.936 ele enviou o texto completo e datilografado para a editora, que em 1.937 publicou a primeira edição de O Hobbit.





EM UM BURACO NO CHÃO...
Por Alix Wilber.
Num buraco do chão vivia um hobbit. Não se tratava de um buraco úmido, sujo e desagradável, cheio de restos de vermes e com um cheiro repugnante, nem tão-pouco um buraco arenoso, nu e seco, sem nada para uma criatura se sentar ou em que comer: era um buraco de hobbit e isso significa conforto. O buraco de hobbit em questão pertence a Bilbo Baggins, um distinto membro da "gente pequena, mais ou menos com metade da nossa estatura, e mais baixos que os barbudos Anões." Ele é, como a maioria do povo dele, muito bem alimentado, e sempre contente por se sentar perto da lareira com um cachimbo, um copo de boa cerveja e uma boa refeição para saborear. Este hobbit em particular é, certamente, a última pessoa que esperaríamos ver numa viagem perigosa. De fato, quando Gandalf o Cinzento, apareceu certa manhã à procura de "uma pessoa para participar de uma aventura" Baggins desejou fervorosamente que o feiticeiro estivesse noutro lugar qualquer. Não teve sorte, porém. Logo 13 Anões caçadores de fortunas apareciam no degrau da porta do hobbit, e antes de poder agarrar o chapéu ou até mesmo um guarda-chuva, Bilbo Baggins é varrido porta fora e atirado para uma perigosa aventura. O objetivo dos Anões é voltar ao lar ancestral nas Montanhas Solitárias para reclamar a sua fortuna, roubada pelo dragão Smaug. Pelo caminho, juntamente com o seu companheiro relutante, encontram aranhas gigantes, elfos hostis, lobos enraivecidos e uma criatura subterrânea, Gollum, de quem Bilbo “ganha” um anel mágico num concurso de adivinhações. É deste jogo de vida ou morte na escuridão que irá nascer a obra prima de Tolkien: O Senhor dos Anéis. Embora o Hobbit seja mais leve do que a trilogia que o segue, tem como o próprio Bilbo Baggins, momentos inesperados. Não se deixe enganar pela aparência de conto de fadas, este livro é um livro para adultos, embora crianças mais velhas o apreciem também. Quando Bilbo volta ao seu confortável buraco de hobbit, é uma pessoa diferente, preparado para novas aventuras.



PERSONAGENS

Bilbo Baggins

Filho de Bungo Baggins e Beladona Tûk, Bilbo levava uma vida normal até completar a idade de 50 anos, mas não se assuste, devido à longevivdade a maioridade para um hobbit ocorre aos 33 anos. A vida era pacata, mas Gandalf, o Cinzento, convenceu-o a partir em uma jornada em companhia de Thorin Escudo de Carvalho e mais doze outros anões em busca do tesouro de seu povo que fora saqueado por pelo dragão Smaug. Esta aventura, na qual Bilbo descobriu um Anel do Poder está narrada no livro "O Hobbit".  Depois Bilbo volta às aventuras quando se dão os eventos narrados em “O Senhor dos Anéis", quando seu sobrinho Frodo Baggins recebe o Um Anel tendo como missão destruí-lo. Depois de todas as aventuras o velho hobbit parte para Valinor em companhia de Frodo, Gandalf e Galadriel.

Gandalf
Gandalf, o Cinzento, depois, Gandalf, o Branco é um Istari e um dos personagens principais de O Senhor dos Anéis e de O Hobbit. O mago Gandalf é um Maia, espírito superior do mundo tolkienano, e costumava andar com Nienna com quem aprendeu a paciência e a compaixão, mas diz-se que era conselheiro de Irmo Lórien. Foi à Terra Média para ser um dos conselheiros dos homens e impedir que a escuridão voltasse.
No ano do Condado de 2941, Thorin Escudo de Carvalho, Rei dos Anões no exílio, tem a intenção de montar uma expedição para recuperar o tesouro dos Anões e o Reino Sob a Montanha que ficava em Erebor, a Montanha Solitária. Esses haviam sido tomados por Smaug, o último dos grandes dragões da Terra-Média. Gandalf concorda em ajudá-lo e planeja a expedição a Erebor com uma equipe composta por ele, Thorin, 12 outros anões e um hobbit chamado Bilbo Bolseiro. O grupo alcança com sucesso em seu objetivo e recupera o tesouro dos anões e O Reino Sob a Montanha.

Dwalin, Balin, Kili, Fili, Dori, Nori, Ori, Oin, Gloin, Bifur, Bofur, Bombur e Thorin Escudo-de-Carvalho

            Com personalidades e histórias distintas estes são os treze anões que seguem para a Montanha Solitária em busca do tesouro roubado pelo Dragão Smaug. Desde que conheci o trabalho de Tolkien e comecei a jogar RPG sempre tive preferência pelos Anões, ao contrário de meus amigos que sempre tiveram predileções por magos poderos, guerreiros sanguinários e elfos comedores de grama... Bem ficaria um pouco extenso escrever sobre cada um dos anões do grupo, mas estou preparando um post sobre os anões de Tolkien e os anões da mitologia nórdica.

Smaug
            Smaug era um Dragão grande e poderoso do Norte, de tempos antigos, que um dia alçou voo para o Sul, e atacou a Montanha Solitária e seu reino subterrâneo: o Reino dos Anões Sob a Montanha. Após isso, também atacou a cidade de Dalle, aos pés da mesma montanha, destruindo-a. E saqueando ambos os reinos, levou tudo à Câmara Inferior, bem nas raízes da Montanha Solitária, onde amontoou todo tesouro e passou a dormir sobre ele. Smaug ficou tanto tempo deitado em cima do tesouro que, em sua barriga, formou-se uma armadura de diamantes e pedras preciosas com apenas um único ponto fraco.
Duzentos anos depois da destruição de Dalle e do Reino dos Anões, um descendente do Rei-Sob-a-Montanha, Thorin Escudo-de-Carvalho, retorna com uma companhia de doze anões, um hobbit, e um mago para resgatar o tesouro e reconstruir o reino. Graças ao pequeno hobbit Bilbo se descobre o ponto fraco de Smaug, e tendo o dragão se irritado por causa de vários acontecimentos envolvendo Bilbo e os anões, Smaug decide atacar a Cidade do Lago de Esgaroth, onde mora Bard, o arqueiro, que avisado do ponto fraco do dragão, atira uma flecha certeira nesse ponto.
Os ossos do um dia poderoso Smaug estão enterrados sob a água fria do Lado Comprido desde então mais ninguém se atreve a se aproximar para roubar as jóias de sua carcaça, a água se tornou envenenada.
Gandalf, o mago, já preocupava-se com Smaug caso Sauron retornasse de uma vez. Afinal, sendo um dragão tão poderoso, teria sido um inimigo terrível posteriormente na Guerra do Anel.

Gollum

Smeagol, como era antigamente chamado, era da raça dos Grados, e vivia nos Campos de Lis. Pouco se sabe sobre sua vida antes de encontrar o Um Anel. Apenas que ele vivia com sua família, sua avó sendo a chefe. No dia do seu aniversário, por volta de 2463 da Terceira Era, Sméagol foi pescar com seu primo Déagol. Déagol acabou caindo na água, e achando o Anel que Isildur havia, muitos anos antes, deixado cair ali. O desejo de Sméagol pelo Anel levou-o a matar seu primo Déagol (sob a justificativa de que seria seu "presente de aniversário"). Depois de ser expulso da família por sua avó, ele fugiu para o norte e se refugiou nas Montanhas Sombrias, e passou a ser chamado de Gollum, por causa de um som involuntário, como uma tosse, que fazia com sua garganta.
Gollum viveu, durante pouco menos de 500 anos com o Um Anel, num lago profundo no interior das Montanhas Sombrias, se alimentando de peixe cru. Ele ficou tão louco que esqueceu de seu nome e pensou ser duas pessoas. O Anel o deixava invisível aos olhos dos outros, o que tornava a caça muito mais fácil. Porém, no ano de 2941 da Terceira Era, Gollum perdeu seu Anel nas cavernas da montanha. Por coincidência uma comitiva de 13 anões, um mago e um hobbit passavam por ali. E, acidentalmente, o hobbit, Bilbo Bolseiro, acabou pondo a mão no Anel de Gollum, enquanto tateava o caminho para a saída, daí tem-se o campeonato de charadas e depois todos os eventos contados na trilogia da Guerra do Anel.

Bard
Embora pouco comentado, Bard é um arqueiro habilidoso que conhecendo o ponto fraco de Smaug atira uma flecha certeira para matá-lo. Bard foi baseado em Beowulf.





PRIMEIRO NÓS IMAGINAMOS...
            E agora nós vemos! Peter Jackson dirige a partir do roteiro que ele escreveu com Fran Walsh, Philippa Boyens e Guillermo del Toro. O primeiro O Hobbit (The Hobbit - An Unexpected Journey) estreia em 14 de dezembro de 2012 e o segundo (The Hobbit - There and Back Again) em 13 de dezembro de 2013.

Fontes:
O Hobbit de J. R. R Tolkien
Silmarilion de J. R. R Tolkien
A Sociedade do Anel  de J. R. R Tolkien
As Duas Torres de J. R. R Tolkien
O Retorno do Rei de J. R. R Tolkien
 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

THE WALKING DEAD


Até que ponto você chegaria para sobreviver?
O que você seria capaz de fazer para defender a sobrevivência da sua família?
Pelo que me lembro estas foram as perguntas que me ocorreram após ler os primeiros número da HQ The Walking Dead (Os Mortos-Vivos, Brasil, HQM Editora), sempre gostei de aventuras e contos de horror e zumbis sempre estiveram em destaque nas minhas preferências e quando conheci este trabalho de Robert Kirkman realmente fiquei impressionado.
           É impossível ler The Walking Dead sem impressionar-se com o contraste entre a capa colorida e os desenhos em tons de cinza, em um primeiro instante, claro, lembramos das antigas revistas de terror, mas quem já tem um ‘conhecimento de causa’ já percebe que a visão em preto e branco que temos é na verdade a visão de um zumbi, mais precisamente a visão de um mundo devastado pelo apocalipse zumbi. Sim senhores, o Dia Z de que tanto se tem falado ultimamente.


Os inimigos um dia foram humanos, seus amigos e parentes podem estar circulando solitários ou em “manadas” erráticas apenas procurando carne – humana – para se alimentar. Talvez para alguns toda a história seja batida, mas eu posso afirmar que não, lendo alguns números da HQ começamos a perceber o quanto pode ser difícil lidar com o desconhecido, com situações novas e provas de sobrevivência, daí a primeira pergunta: Até que ponto você chegaria para sobreviver? Talvez tenha que matar um conhecido seu, mesmo que transformado em uma criatura cujo único instinto seja se alimentar... De você. Pode ser que você pense em fugir com todas as provisões de água e comida deixando para trás seus parentes. Talvez ainda, como um grupo que apareceu na série, você se transforme em um canibal, matando assim como os zumbis, outros humanos para poder sobreviver.
           O que seria capaz de fazer para defender a sobrevivência da sua família? O personagem principal da HQ - Rick Grimes - vive neste dilema, sempre pensando no grupo de sobreviventes que reuniu ao longo do caminho que percorreu até se reencontrar com sua família, já pensou e até mesmo deixou todos os outros para trás para poder garantir a sobrevivência de sua família. Desta forma temos momentos tensos e dramáticos na narrativa conduzida por quadros expressivos.


A maldade humana também está muito presente, durante toda a trama nos deparamos com pessoas e grupos que mesmo em meio a tudo de nefasto que está acontecendo ainda sentem uma necessidade, um prazer em serem más, em imporem suas ditaduras e vontades sobre os outros. Em certos momentos, estes malfeitores se sobressaem tanto que temos a impressão que entregar de vez o mundo aos zumbis seja a melhor solução. Neste mundo de mortos-vivos não existe um único lugar seguro, sempre se está ameaçado, famintos na espreita sempre podem estar os zumbis ou pior, pode haver um grupo de vivos canibais, de ladrões e saqueadores, assassinos, invasores ou até mesmo um auto-intitulado “Governador” sádico em cima de um tanque de guerra pronto para destruir seu refúgio.
The Walking Dead não é apenas mais uma HQ de terror, com zumbis, canibalismo e vísceras. É isto também, claro, mas vai muito além, com um bom roteiro e uma arte curiosa que apesar de opressiva em sua falta de cores, nos mostra uma semelhança com nosso mundo real em todos os seus tons de cinza, suas ditaduras e maldades. Em The Walking Dead será que os inimigos realmente são os zumbis, ou somos nós mesmos?
           The Walking Dead é publicado nos Estados Unidos por Image Comics e no Brasil pela HQM Editora em formato encadernado. Na internet pode-se obter bons scans traduzidos, um bom site para que gosta de HQs é o Vertigem HQ, para ler os scans em formato .cbr ou .cbj você pode baixar o programa CDisplay e para quem ficou curioso seguem links para baixar as primeiras edições com os devidos créditos de scans, traduções e letras para Vertigem HQ, Von Dews e Putha Clubber Mor.




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O FANTASMA DE UMA PULGA


O Fantasma de uma Pulga (The Ghost of a Flea) é uma pintura em têmpera misturada com ouro em painel de mogno concebida pelo poeta e pintor inglês William Blake, que se encontra hoje no Tate Gallery, em Londres. Concluída entre 1819 e 1820, a pintura forma uma parte da série de trabalhos chamados de "Visionary Heads" (literalmente, Chefes visionários) encomendadas pelo astrologista John Varley (1788–1842). Através da utilização do estilo espiritual e mágico de suas obras – visivelmente presente nesse desenho – era freqüente Blake surpreender seu círculo de amigos.
Num tamanho de 214 × 162 mm (pintura) e 382 × 324 × 50 mm (moldura), a obra é considerada muito mais do que uma miniatura: Segundo alguns estudiosos e autores, seu tamanho minúsculo cria um drama de escala no contraste entre a aparente massa muscular da criatura e sua potência física contra sua aparente encarnação de um inseto nos olhos do espectador.
           Embora Gilchrist não tenha diretamente dito, alguns afirmam que existe uma estreita ligação entre esse fantasma e o Fantasma de uma Pulga. Blake dizia muitas vezes que "veleiros" invisíveis o acompanhavam e, inclusive, alegou que uma série de anjos, como Voltaire, Moisés e a Pulga, que "fleas were inhabited by the souls of such men as were by nature blood thirsty to excess."
          Tanto em sua obra poética como em sua obra em pintura, Blake frequentemente deu personalidade e forma humana a coisas abstratas (como o tempo, a morte, a peste e a fome). As pulgas são associadas a sujeira e a degradação, e nessa obra Blake procurou ampliar, de acordo com um artigo do New York Times de 1910, "uma criatura monstruosa cujo instinto sanguinário foi impresso em cada detalhe de sua aparência, com 'olhos faiscantes ao longo de sua humidade', e uma 'face digna de um assassino'."
          A pulga, musculosa e nua, é retratada com a língua para fora, apontando-a para uma tigela de sangue. Em sua mão esquerda ela possui uma bola e, na sua mão direita, um espinho, ambos os objetos inspirados na tradição da iconografia da fada. Parte humana, parte réptil e parte besta avança da direita para a esquerda entre as cortinas, seu enorme pescoço é semelhante a de um touro e sustenta uma cabeça desproporcionalmente pequena, marcada por olhos brilhantes e lábios abertos, além de uma língua rachada e peçonhenta. De acordo com o crítico de arte Jonathan Jones, a pulga está retratada como um "demônio gótico, grotesco, dentro de um palco com cortinas estreladas."
         O Fantasma de uma Pulga é diferenciado pela utilização inovadora de uma folha de ouro: debaixo de algumas pregas da cortina, da carne da pulga e das estrelas brilhantes, Blake colocou uma película fina de um ouro branco, que ele tinha feito a partir de ouro em liga de prata. Blake então usou uma escova de cor muito minuciosa de ouro em pó usando uma folha fina feita em tinta. No verso do painel encontra-se escrito: "A visão do espírito que habita o corpo de uma pulga, e que apareceu de tarde para Mr. Blake […]" Blake criou a pintura utilizando a técnica do "afresco" e, por isso, hoje em dia o trabalho está em relativo mal-estado, sendo possível notar nas áreas da superfície alguns rachados e desgastes do tempo.

Fonte: Wikipédia

sábado, 23 de julho de 2011

MORRE AOS 27 ANOS A CANTORA AMY WINEHOUSE



A imprensa britânica noticiou de que cantora Amy Winehouse morreu na tarde deste sábado (23),  por volta das 16h, aos 27 anos. Segundo informações dos jornais "Daily Mirror", The Sun" e "Sky News", a cantora teria sido encontrada morta em sua casa em Camden, na Inglaterra. Há suspeitas de que Winehouse tenha sofrido overdose de drogas.
A notícia ainda não foi confirmada pelos assessores de Winehouse, mas, de acordo com a agência de notícias Reuters, a polícia informou o corpo de uma mulher de cerca de 27 anos foi encontrado no mesmo local descrito e que o caso esta sendo tratado com uma morte "inexplicada".
No mês passado, a cantora cancelou sua turnê europeia após ser vaiada em Belgrado.


Fonte: UOL

 Aguardamos novas confirmações para publicação.


Atualização 14h25min.




Causa não esclarecida
Um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres confirmou que a cantora de 27 anos foi encontrada morta na sua casa no bairro de Camden e que o motivo da morte ainda não foi esclarecido.
Uma ambulância do Serviço de Emergência foi chamada, mas segundo a polícia, já teria encontrado a cantora morta.

 "A polícia foi chamada pelo serviço de emergência de Londres para o endereço na Camden Square pouco depois das 16h05 de hoje, sábado, 23 de julho, seguindo relatos de que uma mulher foi achada desacordada", diz a nota divulgada pela Polícia Metropolitana de Londres.
Segundo o texto, a cantora foi declarada morta no local. "As investigações sobre as circunstâncias da morte continuam. Neste estágio inicial, ela está sendo tratada como não esclarecida."


Fonte: G1


Atualizado em 25/07/2011 às 09h32min




De acordo com informações do site “TMZ”, publicadas no último domingo (24), o representante e amigo de Amy Winehouse, Chris Goodman, afirmou que a cantora “morreu sozinha na cama”. No entanto, o falecimento teria sido presenciado por um segurança particular, que havia sido designado para cuidar da artista britânica, e quem teria chamado o resgate.
"Ela estava no quarto dela, depois de dizer que queria dormir. E quando ele [o segurança] foi acordá-la, percebeu que ela não estava respirando. Ele chamou os serviços de emergência imediatamente. Ele estava em choque. Neste momento, ninguém sabe como ela morreu. Ela morreu sozinha na cama", disse Goodman à publicação.
Segundo a rede de TV BBC, a necropsia de Amy está confirmada para esta segunda-feira (25). Já o funeral pode ser realizado na terça (26). Já ao jornal “The Sun”, quem conseguiu proferir algumas palavras foi Janis, mãe de Amy. Ela afirmou que a morte repentina da filha ainda não “bateu” e acrescentou que, num almoço familiar – realizado no dia anterior ao ocorrido –, a cantora teria dito “eu te amo” a ela.
Ainda ao tabloide, fontes afirmaram que a estrela do R&B foi vista comprando drogas, mas não encontraram nenhum indício de que isso tenha realmente acontecido.
Amy Winehouse estava com 27 anos, quando foi encontrada morta em seu apartamento, na Camden Square, no último sábado (23). A Polícia Metropolitana de Londres declarou que o óbito foi dado no local, porém a causa da morte ainda não foi determinada.


Fonte: MSN


Atualizado em 27/07/2011



A imprensa britânica afirmou que a autópsia do corpo de Amy Winehouse foi classificada como inconclusiva, de acordo com o relatório foi divulgado nesta segunda-feira (25). Os resultados dos exames toxicológicos e histológicos devem sair entre duas e quatro semanas e, por este motivo, a causa da morte continua indeterminada.
Foram colhidas amostras de sangue e tecidos para analisar a presença de drogas, álcool ou outras substâncias suspeitas no corpo de Amy. A médica legista assistente que está cuidando do caso, Suzanne Greenaway, revelou que a investigação pode ser esticada até dia 26 de outubro, segundo o “Daily Mail”. De qualquer forma, o corpo da cantora foi reconhecido pela família e liberado para que programem o funeral, que deve acontecer nesta terça (26).
Já a polícia descartou a morte por “circunstâncias suspeitas” e não há indícios de crimes na casa onde Amy foi encontrada morte, no último sábado (23). Vale lembrar que, segundo o representante e amigo de Amy, Chris Goodman, a artista morreu sozinha em sua residência em Camden Square, em Londres, e só um segurança pessoal estava no local. O corpo de Amy foi resgatado após seis horas do óbito.
Além disso, o ambiente estava livre de qualquer indício de drogas. Amy também teria visitado um médico na sexta-feira (22), um dia antes do caso. O profissional teria afirmado que estava satisfeito com sua saúde.

Fonte: MSN


Assim assistimos mais um, dentre tantos outros, entregar a vida para a dependência de drogas, mais uma vez assistimos a morte em praça pública de uma personalidade mundial e infelizmente ainda veremos muitas outras. Infelizmente ainda veremos muitos famosos e anônimos morrerem através do vício e pelo vício.
Será que haverá um dia em que um dedo ainda sujo de substâncias químicas não puxará o gatilho seja ele de uma arma ou da auto destruição gradual?


Vagner Tadeu Firmino
27 de Julho de 2.011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

YES, NOS TEMOS PSN!

Hoje no meio do expediente enquando dava uma escapada da rotina para fuçar na internet me deparei com a notícia de que a PlayStation Store finalmente aportou em nossa terra. O chato é que parece que não teremos migração de contas, teremos de começar tudo de novo ou então deixar como está e utilizar nossa nova conta brasileira apenas para comprar jogos com um pouco mais de facilidade... Os comentarios que vi no site ofcial (http://br.playstation.com/index.htm) e no blog (http://blog.br.playstation.com/) são favoráveis e de calorosas boas-vindas, já em outros sites... Bem, sempre há de haver alguns chatos...




Postado por Mark Stanley // General Manager, Latin America no blog oficial http://blog.br.playstation.com/


Temos excelentes notícias para nossos fãs brasileiros: hoje, o Brasil se torna o segundo país da América Latina a aproveitar o conteúdo digital da PlayStation Network com o lançamento da PlayStation Store no PS3. A partir de agora, usuários de PS3 terão acesso à PlayStation Store para comprar e baixar jogos, demos e PS1 Classics, tudo isso no conforto do seu sofá. De início já são cerca de 200 itens de conteúdo digital disponíveis. As compras podem ser feitas usando cartões de créditos e os preços são mostrados em Reais. Em breve, os cartões pré-pagos da PlayStation Network também estarão disponíveis em diversas lojas, que serão anunciadas futuramente. É possível acessar a PlayStation Store tanto em inglês quanto totalmente localizada em português brasileiro. Novos conteúdos serão adicionados semanalmente, começando no dia 2 de agosto, incluindo a estreia de títulos por download para PSP, então fiquem ligados.
E ainda tem mais: também estamos anunciando o lançamento do PlayStation.Blog Brasil, onde jornalistas e fãs brasileiros terão notícias oficiais, e o site PlayStation Brasil, no qual todos os brasileiros terão acesso a informações oficiais dos produtos em tempo real.



Vagner Tadeu Firmino
21 de Julho de 2.011




segunda-feira, 27 de junho de 2011

VENTO FRIO

Voltando onde tudo um dia começou trago hoje um dos contos de Lovecraft que mais gosto.



PERGUNTAS-ME por que receio as rajadas de vento frio; por que tremo mais que as pessoas comuns ao entrar num aposento gélido e sinto náusea e repulsa quando a friagem da noite se insinua, furtiva, pelo calor de um suave dia de outono. Há quem diga que eu reajo ao frio de modo semelhante ao que outros reagem ao fedor, e serei o último a desmentir essa impressão. O que farei será relatar a situação mais horripilante em que já me encontrei e deixar a ti a tarefa de julgar se ela representa ou não uma explicação satisfatória para essa minha esquisitice.
É falso imaginar que o horror esteja associado indissoluvelmente com o negrume, o silêncio, a solidão. Eu o conheci no esplendor fulgurante de uma tarde de sol, em meio ao clangor da metrópole e no ambiente apinhado de uma pobre e comuníssima casa de pensão, tendo a meu lado uma senhoria prosaica e dois homens robustos. Em meados de 1923, eu conseguira um emprego enfadonho e pouco rendoso numa revista, em Nova Iorque; e na impossibilidade de pagar o aluguel de uma moradia decente, comecei a vagar de uma pensão barata para outra, em busca de um quarto que combinasse as qualidades de limpeza adequada, mobiliário tolerável e preço bastante módico. Constatei, antes que passasse muito tempo, que só me restava optar entre diferentes males; entretanto, pouco depois dei com uma casa na Rua 14 Oeste que me repugnava muito menos do que as outras que eu havia experimentado.
Era uma mansão de grés pardo, com quatro pavimentos, que datava aparentemente de fins da década de 1840, com mármores e madeirames cuja magnificência enodoada e manchada lembrava que no passado o prédio conhecera altos níveis de elegante opulência. Os quartos, amplos e de enorme pé-direito, decorados com um papel de parede inacreditável e com comijas ridiculamente complicadas, tinham um deprimente bafo de bolor, bem como um vago cheiro de cozinha; entretanto, o chão era limpo, a roupa de cama bastante aceitável e a água quente nem sempre estava fria ou desligada, de modo que vim considerar a casa como um lugar pelo menos suportável para hibernar até poder realmente voltar a viver. A senhoria, uma espanhola desmazelada e quase barbada, chamada Herrero, não me amolava com mexericos ou reclamações a respeito da luz que eu deixava acesa até tarde em meu quarto, no terceiro andar, dando para a rua; e os demais pensionistas eram tão sossegados e calados quanto se poderia desejar. Eram na maioria espanhóis, só um pouco acima do nível mais grosseiro e ínfimo. O único motivo realmente sério de aborrecimento era o ruído dos bondes na rua.
Eu já estava residindo ali bem umas três semanas quando ocorreu o primeiro incidente insólito. Certa noite, por volta das oito horas, escutei um barulho como que de líquido que caísse no chão, e de repente me dei conta que já fazia algum tempo que o ar estava impregnado de um penetrante odor de amônia. Olhando em torno, vi que o teto estava molhado e gotejante; parecia que a infiltração provinha de um canto do lado que dava para a rua. Ansioso por cortar o mal pela raiz, desci depressa para falar à senhoria, que me garantiu que o problema seria logo resolvido.
- El doctor Muñoz - comentou ela, subindo as escadas correndo, em minha frente - deve ter derramado seus produtos químicos. Está fraco demais para cuidar de si próprio... cada vez mais fraco... pero no tiene nadie que pueda ayudarlo. E muito esquisito com essa doença dele... toma banhos de cheiros estranhos o dia inteiro, nem pode ficar nervoso ou sentir calor. Ele mesmo arruma o quarto... o quartinho dele vive cheio de garrafas e máquinas e ele não pratica mais a medicina. Mas antigamente ele foi famoso... mi padre ouviu falar dele em Barcelona... e há poco tiempo tratou o braço do bombeiro que cuida do encanamento e que começou a doer de repente. Ele nunca sai, só vai até o terraço, e mi hijo, Esteban, traz, para ele comida, roupa limpa, remédios e produtos químicos. Diós, a quantidade de sal amoníaco que esse hombre usa para se refrescar!
A Sra. Herrero desapareceu pela escada do quarto andar e eu voltei para meu quarto. A amônia parou de pingar e eu sequei a que havia caído. Enquanto abria a janela para arejar o cômodo, ouvi os passos pesados da senhoria no andar de cima. Quanto ao Dr. Muñoz, eu nunca havia escutado seus passos, lentos e macios. Só havia escutado um ruído que parecia ser o de um mecanismo com motor a gasolina. Fiquei a imaginar, por um momento, qual poderia ser a estranha enfermidade desse homem e se sua recusa obstinada em aceitar auxílio não resultaria de uma excentricidade infundada. Lembro-me de ter tido um pensamento banal, o de quanto é patética a situação de uma pessoa eminente que decaiu socialmente.
Talvez eu jamais viesse a conhecer o Dr. Muñoz se não fosse o ataque cardíaco que de repente me acometeu numa tarde em que eu estava escrevendo em meu quarto. Médicos haviam-me falado do perigo que representam tais crises, e eu sabia que não havia tempo a perder; por isso, ao me recordar do que a senhoria tinha dito sobre a ajuda que o inválido prestara ao bombeiro, arrastei-me pela escada e bati debilmente à porta do quarto que ficava em cima do meu. Minha batida foi respondida em bom inglês por uma voz curiosa, mais ou menos à direita, que me indagou o nome e profissão. Uma vez respondidas as perguntas, abriu-se um pouco a porta ao lado daquela em que eu batera.
Recebeu-me uma lufada de ar frio; e embora o dia fosse um dos mais tórridos do fim de junho, tive um estremecimento ao transpor a porta e entrar num espaçoso apartamento, cuja decoração suntuosa e de bom gosto constituiu uma surpresa naquele ninho de penúria e miséria. Um sofá dobrável atendia, agora de dia, à sua função de sofá, e o mobiliário de mogno, o magnífico papel de parede, as pinturas antigas e as esplêndidas estantes de livros indicavam antes o estúdio de um fidalgo que um quarto de pensão. Percebi então que o quarto que ficava sobre o meu - o quartinho com garrafas e máquinas, mencionado pela Sra. Herrero - era simplesmente o laboratório do doutor e que seus aposentos principais ficavam naquele amplo apartamento adjacente, cujas alcovas corretas e o grande quarto de banho lhe permitia ocultar toda roupa e objetos gritantemente utilitários. O Dr. Muñoz, evidentemente, era um homem com berço, cultura e excelente gosto.
A figura que eu tinha diante de mim era a de um homem baixo, mas muito bem proporcionado, trajado numa indumentária um tanto formal, de corte e feitio perfeitos. Um rosto bem-feito, de expressão senhoril, mas em nada arrogante, tinha a orná-lo uma barba aparada e um pouco grisalha, enquanto um pincenê antiquado se antepunha a olhos grandes escuros, equilibrando-se num nariz aquilino que dava um toque mourisco a uma fisionomia em tudo mais marcadamente celtibérica. Uma cabeleira basta e bem-tratada, que indicava visitas regulares de um barbeiro, partia-se com muita elegância sobre a testa alta. E toda a impressão que aquele vulto transmitia era de acentuada inteligência, origens nobres e excelente educação.
Não obstante, ao contemplar o Dr. Muñoz naquela lufada de ar frio, fui tomado de uma repugnância que nada em seu aspecto poderia justificar. Somente sua tez, que se inclinava à palidez e a frieza do toque de sua mão poderiam ter dado uma base física a essa sensação, porém mesmo essas coisas teriam de ser relevadas, dada a notória invalidez do homem. É ainda possível que tenha sido aquele frio singular que me indispôs, pois tamanha gelidez era anormal num dia tão quente, e o anormal sempre desperta aversão, suspeita e temor.
No entanto, a repulsa logo cedeu lugar à admiração, uma vez que a extrema perícia daquele estranho médico se manifestou incontinenti, a despeito da algidez e do tremor de suas mãos exangues. A um olhar ele compreendeu minhas necessidades, atendendo-as com habilidade de mestre; enquanto me assistia, consolava-me com voz harmoniosamente modulada, embora inusitadamente oca e sem timbre, assegurando-me ser o mais implacável dos inimigos da morte, e que havia dissipado sua fortuna e perdido todos os amigos numa vida inteira de experiêcias extravagantes, dedicadas à repressão e extirpação de tamanho flagelo. Parecia haver nele um certo fanatismo benevolente, e ele não cessava de divagar, quase garrulamente, enquanto me auscultava o peito e preparava uma beberagem de drogas trazidas de seu pequeno laboratório. Era evidente que a companhia de uma pessoa bem-nascida representava para ele uma rara novidade naquele ambiente de indigência e o levava a uma desusada loquacidade, ao ser empolgado por recordações de dias melhores.
Sua voz, embora estranha, era ao menos apaziguadora; e eu não percebia sequer o som de sua respiração enquanto ele pronunciava aqueles longos períodos, tão cheios de lhaneza. O doutor procurava afastar meus pensamentos da crise cardíaca, discorrendo sobre suas teorias e experiências. Lembro-me bem do tato com que ele procurou consolar-me da debilidade de meu coração, insistindo em que a vontade e a consciência são mais fortes do que a própria vida orgânica, de forma que se uma organização física for originalmente saudável e preservada com cuidado pode, mediante um realce cientifico dessas qualidades, reter uma espécie de animação nervosa, apesar das mais sérias lesões, defeitos ou mesmo ausências no conjunto de órgãos específicos. Algum dia, dis-se-me ele meio a brincar, poderia me ensinar a viver (ou ao menos manter alguma espécie de existência consciente) até mesmo sem coração! Quanto a si, afligia-o uma série de enfermidades que exigiam um regime rigorosíssimo, que incluía o frio constante. Qualquer elevação marcada da temperatura poderia, caso se prolongasse, afetá-lo de maneira fatal; e a frialdade de sua moradia, cerca de 13º centígrados, era mantida por um sistema absorvente de arrefecimento a amônia. As bombas do sistema eram impulsionadas pelo motor a gasolina que eu já escutara de meu quarto.
Aliviado de minha crise num tempo maravilhosamente breve, deixei aqueles aposentos frígidos como discípulo e servidor do talentoso recluso. Depois disso, fiz-lhe várias visitas, devidamente agasalhado. Ouvia-lhe o relato de pesquisas secretas e resultados quase espantosos, e estremecia um pouco ao examinar os volumes incomuns e inacreditavelmente antigos em suas estantes. Por fim, convém acrescentar, fiquei quase curado para sempre de minha doença, devido à sua terapia tão efetiva. Ao que parece, ele não desdenhava os encantamentos dos medievalistas, porquanto acreditava que essas fórmulas crípticas contivessem raros estímulos psicológicos, que poderiam, concebivelmente, exercer efeitos singulares na substância de um sistema nervoso que tivesse sido abandonado pelas pulsações orgânicas. Comoveu-me o que ele contou sobre o idoso Dr. Torres, de Valência, que compartilhara com ele suas primeiras experiêcias, e que cuidara dele por ocasião da grave enfermidade que o acometera dezoito anos antes, e da qual procedia sua atual debilitação. Pouco depois de haver o venerando facultativo salvo o colega, ele próprio sucumbira ao horrendo inimigo que combatera. Possivelmente o esforço tivesse sido excessivo; o Dr. Muñoz deixou claro, em sussurros (conquanto não descesse a minúcias), que os métodos de cura haviam sido excepcionalíssimos, envolvendo cenas e processos desaprovados por galenos idosos e conservadores.
Com o passar das semanas, observei com pesar que, com efeito, meu novo amigo estava, lenta mas inequivocamente, perdendo suas forças, tal como sugerira a Sra. Herrero. O aspecto lívido de sua fisionomia se intensificava, a voz se fazia mais vazia e indistinta, seus movimentos musculares mostravam menor coordenação, seu espírito e sua força de vontade revelavam menos fortaleza e iniciativa. Não parecia ele de modo algum desatento a essa triste transformação, e pouco a pouco tanto sua expressão quanto sua conversa foram adquirindo uma ironia desagradável que restaurou em mim a repulsa sutil que eu havia sentido de início. Ele foi cultivando caprichos esquisitos, afeiçoando-se a especiarias exóticas e incenso egípcio até que seu quarto recendia como a tumba de um faraó no Vale dos Reis.
Ao mesmo tempo, aumentava seu desejo de ar frio, e com minha ajuda ele ampliou a tubulação de amônia de seu quarto e modificou o sistema de bombas e a alimentação de sua máquina de refrigeração, até conseguir manter a temperatura entre 1º e 4,5º centígrados e, finalmente, na casa de 2º centígrados negativos. O banheiro e o laboratório, naturalmente, eram menos frios, para que a água não se congelasse no encanamento e os processos químicos não se vissem prejudicados. O inquilino do cômodo ao lado do dele queixou-se do ar gélido que entrava pela porta de ligação; por isso, ajudei o doutor a instalar re-posteiros pesados, que mitigassem o problema. Uma espécie de horror crescente, de feitio bizarro e mórbido, parecia possuí-lo. Ele falava da morte sem cessar, mas ria cavamente quando coisas como providências fúnebres ou de sepultamento eram obliquamente sugeridas.
De maneira geral, ele se converteu em companhia desconcertante e até repelente. Contudo, por gratidão ao modo como ele me curara, eu não me dispunha a abandoná-lo aos estranhos que o cercavam, e tinha o cuidado de espanar-lhe o quarto e atender às suas necessidades de cada dia, metido num sobretudo pesado que eu havia comprado especialmente para esse fim. Da mesma forma, eu fazia grande parte de suas compras e observava com assombro alguns dos produtos químicos que ele encomendava a farmacêuticos e fornecedores de laboratórios.
Uma crescente e inexplicada atmosfera de pânico parecia avolumar-se em seu apartamento. Toda a casa, como já foi dito, recendia a bolor; entretanto, o odor em seu apartamento era pior e, apesar de todas as especiarias e do incenso, bem como dos acres produtos químicos dos banhos (agora contínuos) que ele insistia em tomar sem ajuda, percebi que o cheiro deveria estar ligado à sua enfermidade, e tive um calafrio ao refletir sobre qual poderia ser. A Sra. Herrero persignava-se ao olho e deixou-o de bom grado aos meus cuidados, sem nem mesmo permitir que o filho, Esteban, continuasse a lhe prestar serviços. Quando eu sugeria que ele buscasse o auxílio de outros médicos, o inválido revelava fúria, tão grande quanto ele parecia atrever-se a demonstrar. Era evidente que ele receava o efeito físico da emoção violenta, e no entanto sua força de vontade e seus ímpetos antes se fortaleciam que minguavam, e ele se recusava a guardar o leito. A lassidão dos primeiros tempos de sua enfermidade deu lugar a um retorno de sua disposição fogosa, de modo que ele parecia arremessar reptos ao rosto do demônio da morte no momento mesmo em que esse antigo inimigo se apossava dele. A simulação do comer, que sempre fora, curiosamente, quase um formalismo, foi praticamente abandonada; e somente a força mental parecia protegê-lo do colapso total.
Adquiriu ele o hábito de redigir longos documentos que cuidadosamente lacrava e cercava de recomendações para que eu os transmitisse, após sua morte, a certas pessoas por ele nomeadas - na maioria letrados das Índias Orientais, mas entre as quais havia um outrora famoso médico francês, hoje em geral tido como morto, e a respeito de quem as coisas mais inconcebíveis haviam sido murmuradas. Quero dizer desde logo que queimei todos esses papéis, sem entregá-los nem abrí-los. Seu aspecto e sua voz se tomaram assustadores ao extremo, e sua presença quase insuportável. Num certo dia de setembro, ao vê-lo de relance, um homem que tinha vindo consertar sua lâmpada elétrica de mesa foi tomado de uma crise epiléptica, crise essa para a qual o doutor prescreveu remédios eficientes, enquanto se mantinha longe da vista. Aquele homem, é bom que se diga, havia passado pelos horrores da grande guerra sem haver sucumbido a um susto tão medonho. Foi então que, em meados de outubro, sobreveio, com subitaneidade estarrecedora, o horror dos horrores. Numa noite, mais ou menos às onze horas, a bomba da máquina refrigeradora quebrou-se, de forma que dentro de três horas o processo de resfriamento amoniacal se tornou impossível. O Dr. Muñoz chamou-me, batendo com os pés no chão, e pus-me a trabalhar desesperadamente para reparar o dano, enquanto meu anfitrião praguejava num tom cuja cavidade inerte e impetuosa foge a qualquer descrição. Não obstante, meus esforços amadorísticos foram baldados; tendo ido buscar um mecânico de uma garagem vizinha, que ficava aberta a noite toda, ficamos sabendo que nada poderia ser feito até de manhã, quando um novo pistão teria de ser adquirido. A indignação e o medo do ermitão moribundo, elevando-se a proporções grotescas, parecia ser de molde a destruir o que restava de seu físico fraquejante; e em certo momento um espasmo fez com que ele levasse as mãos aos olhos e corresse ao banheiro. Saiu dali tateando o caminho, com o rosto envolvido em bandagens, e nunca mais lhe vi os olhos.
O frio do apartamento diminuía agora sensivelmente, e ao dar as cinco da manhã o médico retirou-se para o banheiro, ordenando-me que o mantivesse abastecido com todo o gelo que eu pudesse obter em farmácias e bares. Ao voltar de minhas excursões, às vezes desencorajadoras, e deitar o que havia conseguido junto à porta do banheiro, eu escutava um contínuo espadanar de água lá dentro, enquanto uma voz grossa pedia "Mais... mais!" Por fim, raiou um dia quente, e uma a uma as lojas se abriram. Pedi a Esteban que ajudasse com o provisionamento de gelo enquanto eu ia adquirir o pistão da bomba, ou que encomendasse o pistão enquanto eu continuava a buscar gelo; no entanto, instruído pela mãe, ele se recusou peremptoriamente a ajudar.
Por fim, contratei um vadio de aspecto miserável que encontrei na esquina da Oitava Avenida para manter o paciente abastecido de gelo, trazido de uma lojinha onde o apresentei, e me entreguei, diligente, à tarefa de localizar um pistão de bomba e de contratar operários que soubessem instalá-lo. A tarefa parecia quase interminável, e fui tomado de ira quase tão violenta quanto a do ermitão ao ver as horas se escoando num ciclo infatigável de telefonemas infrutíferos, de correrias de um lado para outro, indo ali e acolá' de metrô e transporte de superfície. Mais ou menos ao meio-dia encontrei um fornecedor satisfatório numa rua remota do centro da cidade, e aproximadamente à 1:30 da tarde cheguei à pensão com as peças necessárias e dois mecânicos fortes e inteligentes. Eu havia feito tudo quanto me fora possível e esperava chegar em tempo.
O negro terror, no entanto, me precedera. A pensão se transformara numa casa de orates, e sobre as vozes aterradas escutei um homem rezando com voz gravíssima. Havia pelo ar um quê de diabólico e os inquilinos rezavam o rosário com maior vigor ao sentirem o cheiro que exalava por baixo da porta fechada do médico. O vagabundo que eu contratara, ao que parece, havia fugido aos gritos e de olhos esbugalhados pouco depois de haver feito sua segunda entrega de gelo, talvez como resultado de excessiva curiosidade. Não podia, está claro, trancar a porta ao sair; no entanto, agora ela estava fechada, presumivelmente por dentro. Não se ouvia som algum, com exceção de uma espécie indefinível de vagaroso e denso gotejar.
Depois de consultar a Sra. Herrero e os trabalhadores, e apesar do medo que me corroía a alma, opinei que deveríamos arrombar a porta; todavia, a senhoria descobriu uma maneira de virar a chave pelo lado de fora, com auxílio de um arame. Havíamos previamente aberto as portas de todos os outros quartos naquele corredor, além de descerrado as janelas até em cima. Agora, protegendo os narizes com lenços, invadimos, trêmulos, o amaldiçoado quarto, que resplendia com o sol quente do começo da tarde.
Uma espécie de trilha escura e lodosa levava da porta aberta do banheiro até a porta do corredor, e dali à escrivaninha, onde uma pocinha horrorosa se acumulara. Havia ali alguma coisa rabiscada a lápis, como que por um cego trêmulo, num pedaço de papel nojentamente manchado, ao que parecia pelas próprias garras que haviam traçado as apressadas palavras finais. Depois a trilha conduzia ao sofá e terminava de um modo que não pode ser descrito.
O que estava, ou tinha estado, no sofa não posso nem ouso dizer aqui. Mas eis o que decifrei no papel pegajosamente manchado, antes de riscar um fósforo e reduzí-lo a cinzas; o que decifrei tomado de pânico, enquanto a senhoria e os dois mecânicos saíam em disparada daquele lugar infernal para ir relatar suas histórias incoerentes na delegacia de polícia mais próxima. As palavras nauseantes pareciam quase inacreditáveis naquele fulgor amarelo de sol, com o matraquear de automóveis e caminhões que vinham subindo ruidosamente a Rua 14, mas, no entanto, confesso que acreditei nelas naquele momento. Se acredito agora naquelas palavras, honestamente não sei dizer. Existem coisas a respeito das quais é melhor não especular, e tudo quanto posso dizer é que detesto o cheiro de amônia e sinto-me desfalecer ante uma lufada de ar inusitadamente frio.
"O fim chegou", dizia o rabisco pestilencial. "Não haverá mais gelo... o homem olhou e correu. Fica cada vez mais quente e os tecidos não poderão durar mais. Imagino que saibas... o que eu disse sobre a vontade, os nervos e o corpo preservado depois que os órgãos cessassem de funcionar. Era uma boa teoria, mas não podia ser mantida indefinidamente. Houve uma deterioração gradual que eu não previra. O Dr. Torres sabia, mas o choque o matou. Não pôde suportar o que teria de fazer; tinha de me meter num lugar estranho e escuro, mas atentou à minha carta e me fez voltar, com seus cuidados. E os órgãos jamais voltariam a funcionar novamente. Tinha de ser feito à minha maneira (preservação artificial), pois vês: eu morri naquela época, há dezoito anos."


Vento Frio
Howard Phillips Lovecraft






terça-feira, 14 de junho de 2011

PERSONAGENS ICONES DO CINEMA - PARTE I

Já faz algum tempo que não faço um post novo aqui e também faz tempo que estou querendo postar as fotos abaixo.












Estas fotos foram tiradas com a câmera do meu celular em uma exposição sobre cinema no Mauá Plaza Shopping, para mim foi uma surpresa já que é muito raro coisas legais assim aparecerem por aqui...
Bem, decidi dividir o post em dois para não ficar muito longo e somente com fotos, depois tem mais.