domingo, 6 de março de 2011

CONTO: VERANEIO



            Terríveis pensamentos de hecatombe passam pela minha cabeça neste passeio de tarde de verão embalado pelo ladrar de um vadio cão. A relva alta sendo amassada sob as passadas inseguras de minhas botas e o cheiro de coisas velhas e mortas trazem até mim uma esmagadora sensação de solidão e tristeza.
            Sinto com as mãos as frias pedras do sepulcro a esconder os restos imundos de todos aqueles que um dia foram filhos deste mundo, mas agora estão entregues ao meio do húmus apodrecendo a carne e desmanchando as fibras no ostracismo subterrâneo que um dia todos iremos desfrutar.
            Mesmo comprazendo-me em veranear neste funesto ambiente ao ouvir o som do revolver das folhas secas sinto medo, aquele ancestral sentimento, que de algum lugar algo ainda há de se levantar.



Autor: Vagner Tadeu Firmino
16 de Fevereiro de 2.011





Um comentário:

  1. Da hora!!!

    Enquanto lia vossa poesia, lembrei-me dos tempos em que havia em Mauá aquela reunião dos poetas lá no educandário e rolavam aqueles saraus. Era dificil descobrir quando teriam as reuniões, mas era sempre divertido participar.

    Abs

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