Meu coração dilacera-se de tristeza e nesta angústia
Passo como laço pelo meu pescoço
Uma pesada âncora.
Espero que ela possa afundar-me de vez por todas
Neste quente e salgado mar de lágrimas
Arrastando-me à total profundeza e escuridão
Onde nem mesmo o choro possa penetrar.
Nas profundezas entregarei meu corpo aos vermes
E minha torpe alma a todas as outras criaturas
Que por lá vivam a rastejar.
Meus membros estão entorpecidos por substâncias diversas,
Minha mente está obscurecida,
De meus pensamentos neste momento tenho infinito medo.
Minha face está gretada sob o sal de meu choro,
Perderam-se de mim os sentidos.
Ando aos vis tropeços em retos caminhos
Que à minha perturbada visão parecem tortuosos.
Por entre nuvens vejo este mundo e dele me aborreço,
Minha alma irritou-se deste corpo.
De mim quer ela escapar,
Não farei oposição.
Lanço mão de incandescentes instrumentos para ferir-me,
Necessito da dor física para saber que ainda estou vivo.
Meu corpo vive no vácuo e minha alma em suplício.
Agarro-me à âncora e lançamo-nos no abismo,
Mergulho enforcado descendo de cabeça para baixo
Lembrando-me da Eterna Queda.
Afundo na escuridão onde minha alma e corpo
Haverão de apartar-se e neste infinito espaço
Serão desfeitas todas as tramas,
Não havendo mais tristeza,
Não havendo mais dor,
Não mais sentirei angústia,
Nem nada.
Vagner Tadeu Firmino
08/10/2004
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