terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TEATRO




Ao abrir das cortinas,
Em meio à penumbra e do sólido silêncio,
O roto entra em cena.
Sobre sua cabeça chove uma torrente de lapsos
Enquanto uma enxurrada vermelha
Cobre seus pés.
Há um texto, mas dizê-lo é quase impossível
Uma ventania insiste em levar sua voz
E ela vai para longe discursar sobre um velho texto,
Que tem como princípio o próprio fim.
Em espasmos nervosos quebra as próprias mãos,
A platéia que lá não está urra.
Uma névoa de sonhos enche o palco,
O ator agora é tênue sombra e
Neste instante uma obra inteira lhe ocorre,
Mas não demora a esquecer tudo.
Tenta então improvisar um texto,
Mas ao não conseguir procura apenas pensar e
Acaba sufocado em  meio aos eflúvios de seu cérebro.
Não há mais o que tentar contra as forças que o impedem,
Procura então ficar parado e ajudar a compor
Um lindo e tétrico cenário,
Mas as luzes se apagam e fecham-se as cortinas.
Não haverá próximo ato, é tarde,
Jamais haverá outro espetáculo.




Vagner Tadeu Firmino
27/04/2004




Um comentário:

  1. Cara eu leio os seus contos, e lembro que tinha vários escritos que acabei perdendo com o tempo. Me deu saudades...rs...devo em breve começar a te copiar e efetivar minha idéia de criar um blog RPGístico com contos.

    Da hora o texto!!!

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