Minha esperança esvaiu-se ao cabo do limite de minha honra.
Fui diminuído.
Aqui a vitória não bafejará,
Não soprará seu hálito quente
E o início do dia será sempre como o meio da noite
Não havendo sol a iluminar esta noite negra da alma.
Meu corpo ressequido é um túmulo que caminha sobre a terra,
Errático de extremo a outro sem a menor esperança
De encontrar uma cova nem mesmo rasa
Onde finalmente possa deitar-se.
Em mim, ou a mim não sei,
Já não cabe mais o amor ou o ódio,
Os sabores dos sentimentos já não sinto.
A indiferença guia esta carcaça
Que não mais responde à minha vontade.
Sou cativo neste labirinto escuro onde rastejo como verme necrófago,
Tendo como única ligação com o mundo externo
Este fétido ar que sopra tanto nas umbrosas criptas quanto nos delicados berços
E bate moribundo em minha esquálida face.
E se apenas este ar me cansa, a mim já basta.
Seria covardia abandonar a vida quando esta se encontra ao limite da dignidade?
Não seria bravura sufocar esta minguada chama que jamais iluminará uma vitória?
Ah, este sangue salgado...
Este salgado sangue que enfraquece o tênue lume que bruxuleia em minha cabeça
Deixando meu cérebro assustado com as sombras da vida.
Fui diminuído.
Jogado na vala do selvagem lobo negro
Que está sempre a avançar e jogar-se sobre mim
Com seus dentes brancos e afiados na boca escancarada
A querer me roer até os ossos.
Que bravura há nesta resistência cega?
Nesta labiríntica luta onde a vitória não tocará trompas?
Não tenho como deixar a vela queimando aos poucos
À espera de um anjo que venha em meu resgate,
É melhor que assopre logo esta chama
Para que possa ir de encontro a ele ao meio do caminho...
Se é que ele está vindo.
Ainda que eu rasteje diminuído
Neste labirinto de sombras,
Seria covardia?
Vagner Tadeu Firmino
18 de Setembro de 2.004
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