quarta-feira, 2 de março de 2011

O POCO




Cavei um poço,
Que agora que de tão profundo
Dele não consigo sair.
Tornou-se uma prisão
Que não tenho como escapar.
Não posso escalar,
Gastei toda minha energia
Cavando de encontro à grande escuridão.
Estou sozinho e não posso fazer nada por mim,
Nem mesmo externar todo meu desespero.
Estou fraco.
Quero chorar minha angústia,
Mas estou seco
Preciso gritar minha loucura,
Mas nem nesta hora desesperada
Encontro palavras ou voz.
Por que fui cavar tão fundo?
Sou agora um prisioneiro
Que na escuridão sente fome e sede,
Mas não tem forças para mexer-se.
Ai, toda esta tristeza que vem crescendo dentro de mim
Até eu ficar cheio dela e ela cheia de mim.
Por que fui cavar tão fundo?
Agora é sempre esta noite áspera,
Esta inimiga.
Já parei de cavar o poço,
Agora é o terreno que cede sob meus pés,
Vou caindo e não tenho onde me segurar.
Se fosse isto logo um túmulo,
Se fosse logo um morrer...
É sempre esta noite,
Sempre esta loucura calada!
Ai, por que fui cavar tão fundo?
           
           


Autor: Vagner Tadeu Firmino
09 de Agosto de 2.004





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