segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O FANTASMA DE UMA PULGA


O Fantasma de uma Pulga (The Ghost of a Flea) é uma pintura em têmpera misturada com ouro em painel de mogno concebida pelo poeta e pintor inglês William Blake, que se encontra hoje no Tate Gallery, em Londres. Concluída entre 1819 e 1820, a pintura forma uma parte da série de trabalhos chamados de "Visionary Heads" (literalmente, Chefes visionários) encomendadas pelo astrologista John Varley (1788–1842). Através da utilização do estilo espiritual e mágico de suas obras – visivelmente presente nesse desenho – era freqüente Blake surpreender seu círculo de amigos.
Num tamanho de 214 × 162 mm (pintura) e 382 × 324 × 50 mm (moldura), a obra é considerada muito mais do que uma miniatura: Segundo alguns estudiosos e autores, seu tamanho minúsculo cria um drama de escala no contraste entre a aparente massa muscular da criatura e sua potência física contra sua aparente encarnação de um inseto nos olhos do espectador.
           Embora Gilchrist não tenha diretamente dito, alguns afirmam que existe uma estreita ligação entre esse fantasma e o Fantasma de uma Pulga. Blake dizia muitas vezes que "veleiros" invisíveis o acompanhavam e, inclusive, alegou que uma série de anjos, como Voltaire, Moisés e a Pulga, que "fleas were inhabited by the souls of such men as were by nature blood thirsty to excess."
          Tanto em sua obra poética como em sua obra em pintura, Blake frequentemente deu personalidade e forma humana a coisas abstratas (como o tempo, a morte, a peste e a fome). As pulgas são associadas a sujeira e a degradação, e nessa obra Blake procurou ampliar, de acordo com um artigo do New York Times de 1910, "uma criatura monstruosa cujo instinto sanguinário foi impresso em cada detalhe de sua aparência, com 'olhos faiscantes ao longo de sua humidade', e uma 'face digna de um assassino'."
          A pulga, musculosa e nua, é retratada com a língua para fora, apontando-a para uma tigela de sangue. Em sua mão esquerda ela possui uma bola e, na sua mão direita, um espinho, ambos os objetos inspirados na tradição da iconografia da fada. Parte humana, parte réptil e parte besta avança da direita para a esquerda entre as cortinas, seu enorme pescoço é semelhante a de um touro e sustenta uma cabeça desproporcionalmente pequena, marcada por olhos brilhantes e lábios abertos, além de uma língua rachada e peçonhenta. De acordo com o crítico de arte Jonathan Jones, a pulga está retratada como um "demônio gótico, grotesco, dentro de um palco com cortinas estreladas."
         O Fantasma de uma Pulga é diferenciado pela utilização inovadora de uma folha de ouro: debaixo de algumas pregas da cortina, da carne da pulga e das estrelas brilhantes, Blake colocou uma película fina de um ouro branco, que ele tinha feito a partir de ouro em liga de prata. Blake então usou uma escova de cor muito minuciosa de ouro em pó usando uma folha fina feita em tinta. No verso do painel encontra-se escrito: "A visão do espírito que habita o corpo de uma pulga, e que apareceu de tarde para Mr. Blake […]" Blake criou a pintura utilizando a técnica do "afresco" e, por isso, hoje em dia o trabalho está em relativo mal-estado, sendo possível notar nas áreas da superfície alguns rachados e desgastes do tempo.

Fonte: Wikipédia

2 comentários:

  1. A poesia, filosofia e arte em geral de Blake deveria ser apresentada em escolas de segundo grau, onde todo jovem carece de conhecimento sobre verdadeiros críticos e talentosos artistas. De Nietzsche a Salvador Dali. De Confúcio a Blake... Resiste a mesmice das salas de aula a beleza das verdades expostas em obras poéticas, filosóficas e em pinturas que tatuaram no tempo sua verdade sentimental. Diria Einstein: "O segredo da originalidade é saber esconder suas influências"... Mas antes é preciso divulga-las, certo? Francisco Fernando Lopes - Ferock (recanto das letras.com.br)

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    1. Verdade, concordo plenamente com você. É uma pena nem todos, principalmente as ditas 'autoridades', não compartilharem deste mesmo pensamento. Obrigado pela visita e pelo comentário, peço desculpas pelo tempo decorrido na liberação do comentário.

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